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BC não será leniente com IPCA 2009

Para Newton Rosa, da SulAmérica, não há sinal de que o BC irá aceitar IPCA perto de 5% em 2009 por mirar em 2010

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Luciana Xavier e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o Banco Central continua com o foco no centro da meta de inflação de 4,5% em 2009. "Acho que o mandato do Banco Central continua claro. Ele busca 4,5% no ano-calendário. Não vejo nenhum sinal de que Banco Central pode ser um pouco mais ser leniente com a inflação em 2009, aceitar uma inflação em torno de 5%, 5,5% porque está mirando 2010", avaliou durante entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo. Ouça a entrevista   Newton Rosa também acha cedo para se falar em indexação de preços, sistema de reajuste automático de preços e salários com base na inflação acumulada para evitar defasagem de preços.  "É precipitado falar em indexação de preços. A inflação não está fugindo do controle. A inflação do Brasil é uma das mais comportadas entre os emergentes e o Banco Central não demora para agir", afirmou.   O vice-presidente José Alencar disse recentemente que o Brasil corre o risco de voltar a adotar a indexação. Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a possibilidade da volta da indexação dos preços é vista como um "risco fundamental" para a economia.   "Há certo exagero em imaginar que vamos entrar em uma espiral inflacionária. Estamos muito distantes disso. O BC tem todo o controle da situação e o Ministério da Fazenda tem tentado fazer sua parte, com um superávit primário mais elevado para auxiliar o BC. Não vamos reviver o período de escalada de salários e preços. Esse risco inflacionário não existe", comentou Newton Rosa.   Copom A dificuldade do Banco Central em manter o ritmo de alta de 0,50 ponto porcentual da Selic cresce a cada dia, disse Rosa. "A inflação no curto prazo não dá trégua, não há sinal de acomodação. A inflação corrente afeta as expectativas para 2009 e pode forçar o Banco Central a uma ação mais intensa", afirmou.   À espera de mais informações sobre os rumos da inflação, Newton Rosa ainda mantém aposta de alta de 0,50 ponto porcentual da Selic nas próximas reuniões. Para ele, a Selic pode encerrar o ano em 14,25% com aumentos de 0,50 pp e em 15,50% em 2009, caso haja necessidade de o BC estender o ciclo de aperto monetário.   "A chave mais importante será a evolução das expectativas e por isso as próximas duas (pesquisas) Focus vão ser cruciais. Além disso, precisamos ter uma idéia mais clara de como ficou a inflação de junho", comentou. O economista prevê que o IPCA de junho ficará em 0,80% ante 0,90% em maio.   O mercado de juros começa a mostrar aumento que as apostas de aceleração no ritmo de aperto monetário. "O que o mercado pode estar sinalizando é que o BC poderá ser obrigado a alterar sua estratégia daqui para frente e ser mais enérgico", avaliou.   Newton Rosa, no entanto, não acredita que a eventual manutenção de alta de 0,50 pp da Selic na reunião de julho, possa gerar nervosismo no mercado. "Acho que 0,50 pp ainda é possível. O nível de desconforto é mais em relação à inflação corrente e não acredito que o mercado se estressaria com alta de 0,50 pp."   Segundo o economista, os alimentos vão continuar pressionando a inflação ao longo do segundo semestre, além dos serviços. A pressão dos preços administrados, que serviram de alívio na inflação no ano passado, deve crescer nos próximos seis meses. "O cenário não melhora no segundo semestre, que pode não ser muito diferente do primeiro".   Meta A ausência de sinais de alívio das pressões inflacionárias no segundo semestre faz crescer a chance de o IPCA ficar acima do teto de 6,5% da meta para este ano, segundo o economista-chefe da SulAmérica.   A previsão do economista para IPCA este ano está em 6,42% e em 4,8% em 2009. "O risco de a inflação ficar acima de 6,5% não é nada desprezível", afirmou.   Os preços de alimentos vão seguir sendo o foco da inflação este ano e no ano que vem, segundo Rosa, que ressaltou que o choque de alimentos ocorre num momento da economia mais propício à propagação tendo em vista o nível de desemprego menor.   Newton Rosa disse também que o represamento da inflação dos preços administrados pode trazer mais complicações no segundo semestre e no ano que vem, na medida em que as tarifas de ônibus, energia, água e esgoto forem reajustadas."Mas os alimentos vão definir a inflação de 2009 mais do que os administrados", ressaltou.

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