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BNDES prevê avanço nos investimentos

Por Agencia Estado
Atualização:

O investimento das empresas na construção de fábricas e ampliação da capacidade de produção das já existentes deve voltar a crescer na casa de dois dígitos ao ano entre 2007 e 2010, o que não se via há duas décadas. A maior parte dos recursos será voltada para os setores de bens intermediários e de commodities, como petróleo, mineração, siderurgia, celulose e petroquímica. Esse é o resultado preliminar de um levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será concluído em novembro. A pesquisa foi solicitada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando presidia o BNDES. O baixo nível de investimento na economia brasileira, que no segundo trimestre deste ano correspondeu a 20,1% do Produto Interno Bruto (PIB), é hoje uma das principais travas ao crescimento e o grande desafio para o próximo governo. Para chegar à conclusão de que o ritmo de investimento na economia vai ganhar fôlego nos próximos anos, os técnicos do BNDES reuniram dados sobre os pedidos de financiamentos das empresas, os desembolsos na carteira de crédito do próprio banco e consultas realizadas a entidades setoriais e às próprias empresas. O escopo dos dados corresponde a cerca de 25% do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo)da indústria de base e de infra-estrutura, observa o superintendente da Secretaria de Assuntos Econômicos do BNDES, Ernani Teixeira Torres Filho. "Os resultados são muito auspiciosos, na casa de dois dígitos ao ano na taxa de crescimento. Isso indica que o investimento nos próximos quatro anos terá uma aceleração substancial", diz Torres Filho, sem revelar números. Entre 1982 e 2002, o investimento praticamente não cresceu. A taxa foi de 0,08% ao ano, observa o economista. A taxa anual de dois dígitos de crescimento foi obtida a partir de uma comparação feita entre o volume total de investimentos programados pelas empresas entre 2007 e 2010 em relação ao período 2002 e 2005. Torres Filho destaca que os investimentos para os próximos quatro anos estão concentrados no setor de commodities e bens intermediários. "Os investimentos em petróleo, gás, mineração, siderurgia, celulose e petroquímica vão explodir", prevê, com base nos dados coletados. São setores intensivos em capital, cujas plantas de produção são enormes e consomem dezenas de milhões de dólares para serem erguidas. O economista ressalta que fatores determinantes para impulsionar um grande pacote de investimentos voltados à produção de commodities e bens intermediários são setoriais. No caso da siderurgia e da celulose, por exemplo, está ocorrendo uma migração das fábricas do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul, onde as vantagens competitivas são maiores. Nem mesmo um ciclo de queda dos preços das commodities metálicas e agrícolas que começa a se desenhar no mercado internacional, como já mostram as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), e o enfraquecimento da demanda desses produtos por parte da China, devem alterar as previsões de investimentos das empresas para esses setores. "O investimento hoje segue uma lógica determinante mais estrutural", observa o economista. Um levantamento feito pela empresa de consultoria Deloitte confirma essa tendência. A maior fatia dos investimentos produtivos anunciados entre o fim do ano passado e o primeiro semestre deste ano e programados para o biênio 2006/2007 está direcionada para a produção de commodities e bens intermediários, diz o gerente de Corporate Finance da Deloitte e responsável pela pesquisa, Reinaldo Grasson. De janeiro a junho, a soma dos investimentos anunciados para as commodities e bens intermediários, como agropecuária, petróleo e gás, mineração, produtos químicos e petroquímicos, siderurgia e metalurgia, somaram US$ 7,924 bilhões - o que significa 30% dos investimentos totais anunciados no período. O levantamento mostra que os investimentos direcionados para commodities e bens intermediários supera os voltados para energia elétrica, gás e saneamento (25,8%)e o da indústria de transformação (21,5%). "No caso das empresas voltadas principalmente para o mercado interno, os investimentos estão em compasso de espera, aguardando sinais mais claros de retomada do ritmo de atividade", diz Grasson. Entre esses sinais mais favoráveis à economia local, ele aponta a taxa de juros, aumento da renda, volumes de crédito e câmbio. O setor de máquinas, um dos termômetros do investimento, mostra que a disposição das empresas para investir, em geral, está baixo. Até agosto, o faturamento do setor caiu 4% em relação a 2005, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Newton de Mello, presidente da entidade, diz que o desempenho dos 27 setores no ano é heterogêneo. No caso das máquinas agrícolas, a queda foi de 8%. O setor de válvulas, que tem como cliente a Petrobras, e o de mineração, que fornece para Vale do Rio Doce, ampliaram o faturamento em 28% e 15%, respectivamente.

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