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Bolsa fecha abril com pior desempenho em 2 anos; dólar se mantém estável

A B3 fechou o último dia útil do mês com uma queda de 1,86%, pior resultado desde o começo da pandemia

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Por Redação
Atualização:

Com a piora do desempenho em Nova York ao longo da tarde desta sexta-feira, 29, o Ibovespa encerrou a última sessão de abril em queda de 1,86%, na pontuação mínima do dia - 107.876,16 pontos. O saldo mensal do índice de referência da B3 ficou negativo em 10,10%, o pior nível desde o mergulho de 29,90%, em março de 2020, no auge da crise de confiança desencadeada pela pandemia de covid-19. Já os ganhos acumulados em 2022 agora se limitam a 2,91%.

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Na primeira sessão de abril, o Ibovespa encerrou aquele dia aos 121,5 mil pontos, vindo de quatro ganhos mensais seguidos, entre dezembro e março, após ter encerrado novembro aos 101,9 mil pontos. O acúmulo de cerca de 20 mil pontos entre o fim de novembro e o começo de abril foi cortado em mais da metade neste último mês, em que a referência da B3 teve correção em porcentual superior à registrada no índice amplo de Nova York, o S&P 500 (-8,80%).

“Hoje chegou a haver um respiro (até o meio da tarde), com as ações de commodities e os bancos puxando o índice. Ao longo do mês, houve uma reprecificação do Ibovespa em relação ao começo da guerra na Ucrânia, no fim de fevereiro, quando passou a ser beneficiado também pela correlação com os preços das matérias-primas, em ascensão. Depois vieram os lockdowns na China, a reavaliação do FMI sobre o crescimento global, e o PIB americano do primeiro trimestre, nesta semana, em contração. A questão para a próxima semana é como o Federal Reserve reagirá a tudo isso, se pesará a mão ou não sobre os juros”, diz Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

O Ibovespa teve o pior desempenho mensal desde o início da pandemia, emmarço de 2020 Foto: Werther Santana/ Estadão

A queda dos preços das ações talvez comece a ser vista como uma oportunidade de compra. Apesar das incertezas no cenário macro, os agentes do mercado financeiro ampliaram significativamente o otimismo em relação ao Índice Bovespa na pesquisa de hoje para o Termômetro Broadcast Bolsa. Para 72,73% dos pesquisados, o principal índice de ações da B3 vai contabilizar alta no acumulado da próxima semana.

Na enquete passada, 58,33% apostavam na valorização do índice. A parcela dos analistas que esperam queda do índice ficou em 9,09% nesta pesquisa, contra 25% de apostas de baixa na anterior. Para 18,18% o indicador ficará estável, parcela pouco superior à registrada na última semana (16,67%)

Dólar fecha estável

Após uma tarde de muita oscilação, com trocas constantes de sinal, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (29) em ligeira alta (+0,06), no patamar de R$ 4,94. O dia foi marcado por disputa pela formação da última Ptax de abril e pela rolagem de vencimento de posições futuras, o que fez o dólar no Brasil se descolar em diversos momentos do sinal predominante de queda da moeda norte-americana no exterior, tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

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A moeda oscilou quase dez centavos entre a mínima (R$ 4,86) e a máxima (R$ 4,9586). No fim do dia, com tombo das bolsas em Nova York e do Ibovespa, o sinal positivo prevaleceu e o dólar fechou a R$ 4,9427. A divisa termina a semana em alta de 2,86% e abril com valorização de 3,81%. No ano, a divisa ainda acumula baixa de dois dígitos (-11,36%).

O principal indutor da onda de compra expressiva no início da semana foi o ambiente externo marcado por redução das posições em ativos de risco. A corrida global ao dólar foi amparada em três fatores: perspectiva de alta mais intensa e rápida nos Estados Unidos, alimentada por declarações duras do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell; escalada da guerra na Ucrânia e aumento das tensões entre Ocidente e Rússia, que cortou fornecimento de gás para Polônia e Bulgária; e temores de uma desaceleração mais forte da economia chinesa, dadas as medidas restritivas para conter a covid-19.

"O principal gatilho para esse movimento foi a fala mais dura de Powell. Já está claro que o Fed vai elevar a taxa em 0,50 [ponto porcentual]. A novidade é que a possibilidade de alta de 0,75 ponto, com discurso de outros dirigentes, foi colocada na mesa. Essas sinalizações aumentaram muito a volatilidade aos preços dos ativos", afirma o diretor de tesouraria do Banco Fator, Bruno Capusso.

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