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Bolsa fecha semana com alta de 1,44%; dólar cai 0,50%

O índice Ibovespa mostrou força frente a um dia de reveses no exterior, mau humor no mercado de petróleo e com investidores preocupados com o envolvimento de bancos na operação Lava Jato

Por Simone Cavalcanti e Karla Spotorno (Broadcast)
Atualização:

Depois de três altas consecutivas, a Bolsa fechou esta sexta-feira, 20, com leve queda, mas com ganhos acumulados acima de 1% na semana e ainda na casa dos 85 mil pontos. O índice Ibovespa mostrou força frente a um dia não tão positivo no exterior, mercado de petróleo aquescido e com investidores preocupados com o envolvimento de bancos na operação Lava Jato.

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No câmbio, o dólar fechou a R$ 3,40, com valorização de 0,54%. Nesta semana, no entanto, o dólar acumulou queda, de 0,50%. 

O índice Ibovespa mostrou força frente a um dia de reveses no exterior, mau humor no mercado de petróleo e com investidores preocupados com o envolvimento de bancos na operação Lava Jato Foto: Suamy Beydoun/AGIF - 31/3/2017

Bolsa. O pregão da B3, a bolsa paulista, encerrou com o Ibovespa em baixa de 0,32%, aos 85.550,08 pontos. Na semana, a valorização foi de 1,44%. Na visão de analistas, o mercado ficou sem notícias relevantes no âmbito doméstico para impulsionar os negócios. 

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Entre as blue chips, as ações mais procuradas, os papéis da Petrobrás foram os únicos a encerrar a sessão de negócios em alta de 0,25%, para ações ordinárias, e 0,72%, para as preferenciais. 

Já no setor financeiro, Bradesco liderou as quedas com recuo de 1,41%, seguido por Santander (-1,12%) e o Banco do Brasil (-1,10%). Itaú Unibanco recuou 0,22%. A despeito dos ganhos, para Marco Tulli Siqueira, gestor de renda variável da Coinvalores, algumas ações de instituições financeiras têm sido penalizadas este mês pelo elemento político, uma vez que há bancos citados em investigações ligadas à Operação Lava Jato. 

"O setor de bancos vem bem pressionado porque nas investigações da Lava Jato há muita citação das instituições financeiras", disse. 

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Para Saravalle, embora exista uma sinalização de que a economia não se recupera com a força esperada, os fundamentos econômicos seguem bem e a nova temporada de balanços pode ser um catalisador para uma alta do Ibovespa. 

"O ânimo é um pouco contido porque, em termos políticos, há uma tendência para a lateralidade", disse, lembrando que as incertezas devem pairar sobre os negócios até pelo menos o mês de agosto que é quando os candidatos têm de estar legalmente definidos. 

Estrangeiros. Tulli, por sua vez, ressalta que o interesse dos investidores estrangeiros está voltando. Segundo a B3, eles ingressaram com R$ 1,594 bilhão na última quarta-feira , 18. 

Em sete pregões consecutivos de entradas, o saldo acumulado em abril já está positivo em R$ 2,672 bilhões, e, em 2018, o fluxo também é positivo em R$ 2,714 bilhões. 

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Projeção. A percepção do mercado financeiro para a trajetória de alta do Ibovespa na próxima semana atingiu o maior porcentual em oito semanas consecutivas, conforme mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, 20. Ao mesmo tempo, a parcela dos que esperam desvalorização para o principal índice de ações da Bolsa brasileira foi a menor no mesmo período. 

Entre as 26 respostas coletadas, 76,92% têm expectativa de valorização. Em contrapartida, 7,69% aguardam uma baixa. Para 15,38%, o sentimento é de estabilidade. 

Banco Central. Em Washington, nos Estados Unidos, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou que o Brasil está preparado para enfrentar um processo mais forte de incertezas nos mercados internacionais, pois o País tem muitos "amortecedores" para conter volatilidade de ativos financeiros.

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"Estamos bem, temos reservas elevadas, swaps cambiais baixos e pequeno déficit em conta corrente", destacou. A chegada do final de semana, em meio às incertezas no cenário político-eleitoral, também inibiu o apetite ao risco no mercado local. 

Estados Unidos. Por falar em Estados Unidos, o dia foi marcado por queda nas principais bolsas de valores de Nova York. Às vésperas do início do período de silêncio do Fed, o banco central americano, antes da reunião de política monetária de maio, uma série de discursos de dirigentes do banco central guiou os investidores. 

A maioria dos banqueiros centrais se mostrou mais otimista quanto ao crescimento dos EUA, mas houve divergência sobre o rumo da inflação.

"O superaquecimento da economia para ajudar o mercado de trabalho não vai acabar bem", alertou a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester. A avaliação da dirigente vai em linha com dados da economia americana que mostram um mercado de trabalho apertado. Na semana passada, os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 232 mil, o que, de acordo com o economista Christopher Rupkey, do MUFG Union Bank, indica falta de mão de obra.

"As empresas estão procurando e estão voltando de mãos vazias. Estamos em pleno emprego e o auxílio-desemprego está no nível mais baixo desde a década de 1970. À medida que a economia continua a crescer, a escassez de mão de obra também aumenta", argumentou. 

Nesse sentido, ele acredita que a reforma tributária do governo de Donald Trump "um dia vai ser vista como o estímulo fiscal mais inoportuno da economia moderna. O foco de Washington não deve ser criar novos empregos sem pensar, porque estamos ficando sem trabalhadores".

A visão de que o mercado de trabalho está cada vez mais aquecido foi corroborada pela diretora do Fed Lael Brainard. Ela apontou que há riscos no horizonte, mas se mostrou otimista quanto à inflação e ao crescimento. "É encorajador" que a inflação esteja caminhando em direção à meta de 2% e que esteja se movendo "em linha com o esperado".

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Neel Kashkari, que comanda a distrital de Minneapolis, foi a voz da oposição. Em entrevista, ele afirmou que a política monetária do Fed está próxima do nível neutro, que pode ser de 2%. Além disso, foi taxativo ao apontar que os estímulos fiscais de Donald Trump podem fazer o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA crescer 3%, mas ressaltou que "isso não é o que direciona a nossa política".

Para estrategistas do BMO Capital Markets, o forte aumento nos rendimentos dos Treasuries pode atrapalhar planos do Departamento do Tesouro, que leiloará mais de US$ 1 trilhão em títulos na próxima semana. 

Já Rupkey, do MUFG, diz que não se sentiria surpreso se Trump interviesse no mercado de Treasuries por meio do Twitter, assim como fez com o mercado de câmbio no início da semana e, hoje mais cedo, no mercado de petróleo.

"Parece que a Opep está aprontando de novo. Com quantidades recordes de petróleo por toda parte, incluindo navios lotados no mar, os preços do petróleo estão artificialmente muito altos! Isso não é bom e não será aceito!", escreveu Trump. Momentaneamente, os preços do óleo caíram, mas se recuperaram perto do horário de fechamento, encerrando o dia em alta. No entanto, as sinalizações sobre o acordo de corte na produção da commodity da Opep falaram mais alto. No encontro, predominou uma retórica em torno da continuidade da redução da oferta.

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