A melhora do ambiente externo abriu espaço para que a aprovação da reforma da Previdência na Câmara trouxesse apetite pelos ativos brasileiros.
O tom mais positivo para os negócios predominou desde o início do dia, depois que o banco central da China desvalorizou o yuan menos do que o esperado. Temia-se que a China, acusada de manipuladora cambial pelo presidente Donald Trump, pudesse promover uma desvalorização mais forte da sua moeda, elevando a temperatura do conflito com os EUA.
À tarde, as bolsas norte-americanas renovaram máximas e recolocaram o Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, na casa de 104 mil pontos. Vale e siderúrgicas contribuíram com a puxada do índice, ao lado das ações da Petrobrás. No fim, a Bolsa terminou com ganho de 1,30%, aos 104.115,23 pontos. Ainda essa semana o índice chegou a operar abaixo do nível de 100 mil pontos.
Enquanto isso, o alívio generalizado que permitiu a queda do dólar ante outras moedas emergentes fez o real se valorizar. A divisa americana terminou esta quinta-feira não muito distante da mínima no mercado à vista, com desvalorização de 1,18%, a R$ 3,9275.
Previdência impulsiona ativos
A votação em segundo turno da reforma da Previdência na Câmara foi bem recebida pela velocidade e por ter preservado R$ 933 bilhões de economia em dez anos, não muito distante do R$ 1,1 trilhão proposto pelo ministro Paulo Guedes. A expectativa agora é que a tramitação no Senado se dê sem sobressaltos. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) estimou em 60 dias o prazo para que a reforma seja concluída na Casa.
"A reforma da Previdência passou bem na segunda fase da Câmara e não deve ter problema no Senado, sendo considerada um ponto já vencido. Mas o mercado já precificou essa etapa, restando agora conviver com essa interminável volatilidade do mercado internacional", disse Mário Roberto Mariante, chefe de análise da Planner.
Embora já estivesse em grande parte refletida nos preços, a aprovação definitiva da reforma da previdência na Câmara e a perspectiva de tramitação tranquila no Senado contribuíram para a recuperação do real.
Exportações chinesas surpreendem
O sinal de alta do Ibovespa foi definido logo na abertura dos negócios, com o mercado brasileiro alinhado à melhora de humor no cenário mundial. A inesperada alta de 3,3% das exportações chinesas em julho, impulsionou a recuperação das commodities metálicas. O minério de ferro interrompeu uma sequência de quedas que perdurou por seis sessões e fechou em alta de 0,87% no porto chinês de Qingdao. Assim, Vale ON seguiu as altas de suas pares no mercado internacional e terminou o dia com ganho de 1,51%.