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Bolsas de Nova York encerram em queda

Dow Jones cai 2,04%, Nasdaq perde 1,89% e S&P 500 recua 1,95%

Por Gustavo Nicoletta (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

Os índices do mercado de ações dos EUA fecharam em queda, abatidos novamente pelos receios com os problemas em uma das usinas nucleares de Fukushima, no Japão. O volume de negócios foi grande e o pregão foi marcado pela volatilidade - o Dow Jones chegou a devolver todos os ganhos acumulados em 2011 em determinado momento da sessão.

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"Todos estão nervosos por causa do Japão", disse Dave Rovelli, diretor-gerente de negociações com ações da Canaccord Genuity. "Há receios com a possibilidade de um derretimento integral dos reatores. Agora a situação parece ser de pânico."

Nesta quarta-feira, equipes continuavam tentando controlar a radiação e um potencial derretimento dos reatores da usina Daiichi, em Fukushima. A Tokyo Electric Power Company (Tepco), que opera a usina, pretendia utilizar helicópteros para jogar água nos reatores e, dessa forma, resfriá-los, mas os elevados níveis de radiação levaram a empresa a abandonar a ideia.

A agência de segurança nuclear do Japão (NISA) disse que a prioridade agora é bombear água em dois dos seis reatores da usina para evitar que a radiação se espalhe. Uma notícia da Associated Press divulgada pouco antes do horário de fechamento das bolsas norte-americanas afirmava que a Tepco estava perto de completar uma linha de transmissão de energia que restauraria a eletricidade na usina e permitiria que bombas de água fossem religadas, proporcionando maior controle sobre a temperatura dos reatores.

O Dow Jones caiu 242,12 pontos, ou 2,04%, para 11.613,30 pontos - seu maior declínio numa única sessão desde 11 de agosto. O Nasdaq perdeu 50,51 pontos, ou 1,89%, para 2.616,82 pontos. O S&P 500 teve queda de 24,99 pontos, ou 1,95%, para 1.256,88 pontos.

Ao longo da sessão, o Dow Jones chegou a bater a mínima intraday de 11.555,48 pontos, que representa uma queda 0,18% em relação ao fechamento do índice em 31 de dezembro. O declínio ocorreu após a embaixada dos EUA ter solicitado aos cidadãos norte-americanos que vivem num raio de 80 km da usina Daiichi que se retirem da área ou busquem abrigo. A notícia pesou sobre o sentimento do mercado porque a área de retirada recomendada pelos EUA é muito maior do que a determinada pelo governo do Japão, de 20 km.

"Há um completo vácuo em termos de informações confiáveis a respeito da situação nuclear no Japão", disse Phil Orlando, estrategista-chefe de ações da Federated Investors. "O Japão determina tudo para todo mundo no momento e toda decisão de investimento precisa ser analisada sob o prisma do que está acontecendo lá", acrescentou.

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Cerca de 5,9 bilhões de ações trocaram de mãos hoje na New York Stock Exchange (NYSE) - segundo maior volume de negócios de 2011. O índice VIX chegou a subir 29% ao longo do dia, refletindo a preocupação dos investidores. Nos EUA, dados decepcionantes sobre o setor de moradia também pesaram sobre o sentimento do mercado.

Segundo dados do Departamento do Comércio norte-americano, a construção de moradias nos EUA registrou a maior queda mensal em 27 anos, caindo 22,5% em fevereiro na comparação com janeiro. As novas permissões para construção, que são um sinal de desempenho futuro do setor, caíram 8,2% e atingiram o menor nível em mais de 40 anos.

As ações de construtoras e de empresas ligadas ao setor fecharam em baixa. PulteGroup caiu 1,71%, Lennar recuou 2,85% e Toll Brothers perdeu 2,16%.

No Oriente Médio, a situação também continua tensa. As forças de segurança do Bahrein reprimiram violentamente uma manifestação contra o governo na capital do país, Manama.

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No mercado de Treasuries, os preços dos títulos subiram, com respectivo movimento inverso dos juros, impulsionados pelos receios com a crise nuclear no Japão. "É puro medo", disse Charles Comiskey, diretor de negociações com Treasuries do Bank of Nova Scotia. "O mercado está 100% emocional. Os investidores vão reagir às manchetes enquanto não houver clareza sobre a situação no Japão."

No final da tarde em Nova York, o juro projetado pelos T-bonds de 30 anos estava em 4,380%, de 4,457% na terça-feira; o juro das T-notes de 10 anos estava em 3,206%, de 3,320%; o juro das T-notes de dois anos estava em 0,552%, de 0,620%. As informações são da Dow Jones.

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