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Bolsas europeias recuam após dados de emprego dos EUA

Na Europa, cresceu entre os investidores preocupação com aceleração do ritmo de retirada de estímulos pelo Fed

Por Lucas Hirata e com informações da Dow Jones
Atualização:

Os mercados de ações da Europa fecharam em queda nesta sexta-feira, 7, depois que dados positivos do relatório de emprego dos Estados Unidos aumentaram preocupações com a manutenção ou até aceleração do ritmo de retirada de estímulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A tendência de baixa nas bolsas também foi gerada pelo primeiro calote do mercado doméstico de bônus corporativos da China, preocupações dos investidores com os desdobramentos da crise na Ucrânia e frustração com a falta de medidas adicionais de estímulo do Banco Central Europeu (BCE). O índice Stoxx Europe 600 recuou 1,3% e fechou aos 333,06 pontos, perdendo 1,5% na semana e marcando o primeiro recuo semanal desde janeiro.O Departamento do Trabalho dos EUA informou no relatório conhecido como "payroll" que a economia dos EUA criou 175 mil postos de trabalho em fevereiro, bem acima da previsão de analistas consultados pela Dow Jones, de 152 mil novos empregos. O número de vagas criadas no país em janeiro e dezembro também foi revisado para cima. A geração de postos de trabalhou passou para 129 mil em janeiro, da leitura inicial de 113 mil, e em dezembro passou para 84 mil, de 75 mil. Já a taxa de desemprego nos EUA subiu para 6,7% em fevereiro, de 6,6% em janeiro, ante previsão de 6,5% - segundo analistas, por causa da expansão da força de trabalho.Segundo traders, alguns investidores estão retirando capital da Europa, inclusive da maior economia da região, a Alemanha. "O lema investir na Alemanha parece estar chegando ao fim, Tenho em vista que as pessoas preferem se voltar para os mercados dos Estados Unidos", disse uma das fontes, em meio a sinais de recuperação norte-americana. Além disso, os dados do mercado de trabalho dos EUA elevaram os temores de que o Federal Reserve poderá reduzir suas compras mensais de bônus em um ritmo mais rápido do que o esperado. "Há uma preocupação de que a retirada de estímulos poderá se acelerar" na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), afirmou um trader.Em reação ao indicador dos EUA, as bolsas europeias reverteram perdas iniciais e operaram momentaneamente em alta, contudo voltaram a cair logo em seguida. O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em queda de 2,01%, aos 9.350,75 pontos, com perda de 3,52 na semana. O índice CAC 40, de Paris, perdeu 1,15%, aos 4.366,42 pontos, com recuo de 0,95% na semana. Em Milão, o índice FTSE-Mib fechou em baixa de 0,98%, aos 20.634,21 pontos, com ganho semanal de 1,08%. No noticiário corporativo, as ações da Telecom Italia perderam 2,6%, depois de a empresa anunciar que não vai pagar dividendo no balanço do quarto trimestre.Desde o início do pregão a tendência foi de baixa nos mercados europeus, influenciada por uma certa frustração com o Banco Central Europeu. Na quinta-feira, 6, a instituição manteve a política monetária inalterada e sinalizou que não deve tomar novas medidas no curto prazo. Ainda que grande parte dos analistas esperasse a manutenção dos juros pelo BCE, havia uma certa expectativa de anúncio de mais medidas para aumentar a liquidez.Da China, outro motivo de cautela veio com a notícia de que a empresa de painéis solares Chaori Solar Energy Science & Technology anunciou que não pagará integralmente os juros de títulos de dívida emitidos por ela. Essa é a primeira empresa chinesa a declarar calote nos pagamentos relacionados à dívida no mercado doméstico. Há alguns dias, a empresa já havia alertado que poderia não conseguir pagar 89,8 milhões de yuans (cerca de US$ 14,6 milhões) em juros de uma emissão de dívida feita em 2012.O caso aumenta a lista de preocupações do mercado com a China, cuja economia tem desacelerado gradualmente e que tem emitido sinais que despertaram atenção sobre a saúde do sistema financeiro. Analistas dizem que o default da fabricante de painéis solares poderá ser um teste para o governo chinês, que tem tentado diminuir a dependência das companhias por crédito vindo do Estado.Em Londres, o FTSE 100 encerrou em baixa de 1,12%, aos 6.712,67 pontos, com baixa semanal de 1,42%. As mineradoras foram as principais prejudicas pelas notícias da China e forte queda nos preços de metais. Já na Ucrânia, os temores sobre um possível conflito militar voltaram a assombrar os mercados depois que a Marinha dos EUA enviou ontem um destroier equipado com mísseis para o Mar Negro, para "exercícios de rotina". Além disso, as tensões diplomáticas estão girando em torno do referendo convocado para o próximo dia 16 sobre a integração da Crimeia à Rússia, o que tem sido amplamente criticado por autoridades internacionais. Em Madri, o índice IBEX-35 fechou com perda de 1,36%, aos 10.164,20 pontos, com ganho semanal de 0,49%. Já em Portugal, o índice PSI20, de Lisboa, caiu 0,53%, para 7.475,07 pontos, com ganho semanal de 1,29%.

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