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Brasil lidera "mercado da Copa do Mundo"

Por Agencia Estado
Atualização:

Existe um mercado no qual o Brasil já se tornou "investment grade" (grau de investimento) há muito tempo, obtendo a melhor classificação por parte do investidor. Trata-se do "mercado de Copa do Mundo", que os operadores desenvolvem informalmente a cada quatro anos. As apostas já vêm se desenrolando desde a fase de preparação das equipes, mas ganham fôlego a partir de hoje, com o início do campeonato. Pelas cotações apuradas hoje no mercado, o Brasil é, disparado, a seleção mais bem cotada. Com o valor de um Brasil, seria possível "comprar" uma Alemanha e uma Argentina e ainda sobraria um "troco" suficiente para se apostar num azarão como México ou Suécia. Nesta manhã, as apostas se situavam entre R$ 29 e R$ 30 para cada R$ 100 pelo Brasil, ante R$ 13/14 para a Alemanha e também R$ 13/14 para a Argentina, considerados, na visão dos operadores, os mais sérios rivais na disputa pelo título. Com cotações imediatamente abaixo dos nossos vizinhos e dos donos da casa, situam-se Inglaterra, Itália e Holanda. Dizer que o Brasil tem uma cotação mais de duas vezes maior do que a dos alemães ou argentinos é uma maneira otimista de ver as apostas do mercado. Mas há outra maneira não tão positiva. Embora o Brasil tenha uma liderança folgada sobre os segundos colocados, pode-se dizer que os operadores brasileiros não estão demonstrando otimismo absoluto em relação à seleção nacional. O preço de R$ 30 pago nas apostas pelo Brasil representa, na prática, que esta é a probabilidade, precificada nas apostas, de a seleção brasileira conquistar o hexa em termos percentuais: 30%. Em outras palavras, a probabilidade de o Brasil ficar sem a taça seria de 70%. Uma explicação para este favoritismo relativamente limitado, segundo um operador que participa do "mercado da Copa", é que, embora o Brasil seja visto como o mais forte, é grande o número de equipes consideradas competitivas. E a somatória das cotações de todas as equipes precisa, em tese, resultar em R$ 100. O mercado de Copa do Mundo funciona de maneira similar a uma operação de opções realizada entre dois investidores. Se um operador paga R$ 30 pelo Brasil, por exemplo, ele tem o direito de receber R$ 100 após a final se o Brasil for campeão, apurando um ganho líquido de R$ 70. Se o Brasil não for campeão, independentemente da colocação na Copa , o operador que estiver "vendido em Brasil" (apostando na derrota do Brasil) embolsa o "prêmio" de R$ 30 e o apostador fica sem nada. Para este mercado, ser vice não tem qualquer valor, o que soa natural para os brasileiros em geral, que também só valorizam o campeão. As apostas geralmente são informais e sem contratos por escrito. O risco de calote existe, mas os operadores comentam que o costume é cumprir os contratos. "Como confiança é chave no mercado, todos honram suas apostas", comentou um operador, que participa intensamente das rodadas de apostas. Há muitas histórias e lendas sobre essas rodas informais realizadas durante as copas no mercado financeiro. "Na Copa do Mundo passada, por exemplo, um apostador que não honrou seus compromissos chegou a perder o emprego", comentou a fonte. No Brasil, predominam estas rodas informais de apostas, mas no exterior há sites especializados em apostas para a Copa do Mundo. Num destes sites, os contratos embutiam hoje cedo uma chance de o Brasil vencer a Copa do Mundo de 25,1%, ou seja, supostamente embutindo um otimismo menor com a seleção do "quarteto mágico" do que aquele presente entre os operadores brasileiros. Logo em seguida, aparecem Inglaterra, Alemanha e Argentina, todas cotadas em torno de 11%. Os países que competem no grupo do Brasil na primeira fase estão mal cotados, todos com menos de 1% de chances de levar a taça: Croácia tem 0,8%, Japão, 0,7%, e Austrália, 0,5%. Uma curiosidade: com menos de US$ 1,00 é possível apostar em Angola, Togo, Irã, Arábia Saudita, Costa Rica e Trinidad e Tobago e receber de volta no final US$ 100. Cada um destes países aparece com menos de 0,1% de chance. Alguém se arrisca?

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