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Dólar fecha a R$ 4,05, a maior cotação na história do Plano Real

Alta da moeda representa, principalmente, a busca dos investidores por proteção, em um ambiente marcado por muitas incertezas nos campos político e econômico

Por Paula Dias
Atualização:
Nas casas de câmbio, dólar turismo já é negociado acima dos R$ 4 Foto: Alex Silva/Estadão

(Texto atualizado às 17h57)

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SÃO PAULO - Uma nova sessão de estresse e aversão ao risco fez o dólar à vista subir 1,84% no fechamento desta terça-feira, atingindo o histórico patamar de R$ 4,050. É o maior valor nominal já alcançado pela moeda norte-americana no Plano Real (1º julho de 1994) e representa, principalmente, a busca dos investidores por proteção, em um ambiente marcado por muitas incertezas nos campos político e econômico. 

O Banco Central não fez intervenções extras no mercado. Na segunda-feira, a autoridade monetária havia promovido leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) de até US$ 3 bilhões, que contiveram a alta do dólar por apenas quatro minutos. 

Nesta terça-feira, o nervosismo dos investidores se manteve vivo durante todo o dia, diante das mesmas incertezas de sempre: crise política, dificuldade do governo em avançar no ajuste fiscal e risco de rebaixamento. 

No cenário político, as atenções se concentraram na expectativa em torno da sessão conjunta da Câmara e do Senado para apreciação de vetos da presidente Dilma Rousseff, que buscam impedir gastos públicos de R$ 127,8 bilhões até 2019. Em princípio, a sessão está prevista para ter início às 19 horas. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu o adiamento da sessão e afirmou que uma derrota do governo seria uma "sinalização horrorosa" para o mercado. No entanto, líderes partidários do Senado decidiram manter a sessão com a avaliação de que pelo menos entre os senadores o governo dispõe de uma maioria para manter os 32 vetos presidenciais.

Apesar de a agência de classificação de risco Moody's ter garantido que não vai mexer no rating brasileiro neste ano, os temores de novo rebaixamento continuam presentes nas mesas de operação. As atenções se voltaram principalmente para a Fitch Ratings, que tem uma equipe no Brasil para avaliar a situação econômica do País. Nos encontros com os técnicos da Fitch, o governo busca mostrar seu esforço para que não sofra novo rebaixamento. Vale lembrar que o rating brasileiro pela Fitch está dois níveis acima do grau especulativo. Para tirar o selo de bom pagador do Brasil, a agência precisaria, portanto, rebaixar o País em dois patamares.

Bolsa. Depois de ter caído até 2,82%, no auge do estresse com o cenário político conturbado e as quedas das bolsas internacionais, a Bovespa acabou fechando em baixa de 0,70% nesta terça-feira, aos 46.264,60 pontos. 

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O dia foi de baixas generalizadas, com poucas ações se sustentando em terreno positivo. Entre esses papéis, destacaram-se algumas empresas exportadoras, beneficiadas pela disparada do dólar. Já papéis de grande peso no Ibovespa mantiveram forte queda até o final do dia. Foi o caso de Petrobrás ON e PN, que terminaram o dia com quedas de 3,13% e 4,52%, respectivamente. Os papéis da Vale também não resistiram e encerraram a sessão com perdas. Vale ON recuou 2,36% e Vale PNA, 2,23%.

A desaceleração do ritmo de baixa aconteceu na última hora de negócios e, segundo profissionais do mercado, está relacionada às operações de day trade, nas quais os investidores compram e vendem no mesmo dia, e vice-versa. A diminuição das perdas das bolsas dos Estados Unidos também explica a melhora do mercado brasileiro ao final dos negócios. 

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