Publicidade

Complexidade de Belo Monte exige ação permanente do Estado, diz Tolmasquim

Presidente da EPE destacou que governo também precisa colocar recursos próprios para incentivar o desenvolvimento da região

Por Kelly Lima e da Agência Estado
Atualização:

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, admitiu que a usina de Belo Monte é uma obra "complicadíssima", que "exige" a participação do governo, porque tem uma série de déficits que dependem da ação do Estado. Vai precisar de ação permanente do governo. É uma usina que se você largar, não vai sair", disse em palestra para executivos promovida pelo Ibef no Rio de Janeiro. Ele ressaltou que o projeto de Belo Monte é "belíssimo" e conta com os investidores para torná-lo real.

PUBLICIDADE

Ele destacou, porém, que além de todas as condicionantes que estes investidores terão que fazer durante a obra para atender a região, o governo também tem que dar sua parcela de contribuição. "O governo tem que ter mão forte nesta obra para incentivar o desenvolvimento da região", disse, destacando que não bastam as casas de alvenaria que os investidores vão construir para a população que vai ser desalojada com a criação dos reservatórios. "É preciso que o governo também coloque recursos próprios", disse.

O comentário de Tolmasquim se originou a partir de questionamentos de executivos durante o evento sobre a forte participação do Estado nos empreendimentos de energia elétrica no Brasil. O presidente da EPE discordou desta colocação, e disse que a maior parte dos empreendimentos que vêm sendo realizados no Brasil está nas mãos da iniciativa privada, "com exceção de Belo Monte".

Tolmasquim destacou que o governo continuará incentivando a construção de usinas hidrelétricas, e que novas usinas térmicas a gás só serão admitidas em futuros leilões, caso não haja a oferta de empreendimentos hídricos suficientes para cobrir a expectativa de demanda no País. "Não pretendemos com isso deixar o Brasil a mercê da hidrologia. A ideia é que fontes alternativas, como eólica e biomassa, supram esta necessidade", disse, destacando que o leilão de fontes alternativas já tem ofertados projetos com capacidade para oferecer 16 mil MW novos.

Segundo Tolmasquim, o Brasil precisará agregar cerca de 63 mil MW à sua matriz energética nos próximos cinco anos. Deste total, pelo menos 65% já estão contratados. Com esta capacidade, disse ele, o Brasil tem condições de crescer em média 7,5% ao ano, se quiser ter zerado o excedente previsto em 2014, ou crescer uma média de 5% ao ano e ter um excedente de 5,8 mil MW em 2014. Para este cálculo, lembrou Tolmasquim, há a perspectiva de que as usinas térmicas sejam acionadas em média em 23% do tempo total.

Tolmasquim criticou, no entanto, a dificuldade de obtenção de licença ambiental para empreendimentos de grande porte, fato que pode atrasar esta oferta em todo o País. O principal problema enfrentado hoje está na construção da linha de transmissão que ligará pontos isolados da região Norte, a Tucuruí-Macapá-Manaus, que possui 1,6 mil quilômetros de extensão, com capacidade para transportar 2,5 mil MW. "Temos um problema lá que é a análise de que a linha de transmissão afeta alguns peixes existentes no Rio Xingu. Mas estamos bastante otimistas com que este problema seja solucionado rapidamente", disse Tolmasquim.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.