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Compulsório não define tendência para alta dos juros básicos

A princípio, apostas de elevação em março perderam força, mas avaliação não se sustentou

Por Denise Abarca e da Agência Estado
Atualização:

A decisão do Banco Central de alterar as regras de recolhimento dos depósitos compulsórios dos bancos, que resultará em um enxugamento da liquidez do sistema financeiro de R$ 71 bilhões, não conseguiu definir no mercado de juros um cenário mais claro para as apostas sobre o início do ciclo de aperto monetário. Inicialmente, as medidas até chegaram a enfraquecer as apostas de que os juros básicos seriam elevados já no mês que vem, mas o quadro não se sustentou, também porque o noticiário trouxe outros indicadores de peso como contraponto. 

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A negociação normal na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) teve um volume expressivo de contratos e os vencimentos futuros de depósito interfinanceiro (DI) de curto e médio prazos encerraram com as projeções das taxas em ligeira alta, enquanto os contratos longos, que subiram muito ontem, registraram leve queda das projeções. O DI de janeiro de 2011 (462.590 contratos negociados hoje) apontava taxa de 10,41% ao ano, de 10,38% no ajuste de ontem. O DI de julho de 2010 (86.120 contratos negociados) projetava taxa de 9,27% ao ano, de 9,26% ontem. O DI de janeiro de 2012 (152.620 contratos negociados) tinha taxa de 11,57%, estável. O DI de janeiro 2017 (25.710 contratos negociados) recuava a 12,67%, de 12,72% ontem. 

A primeira medida, que entra em vigor em 22 de março, aumenta as alíquotas do recolhimento adicional para depósitos à vista e a prazo para 8%. Atualmente, o porcentual é de 5% e 4%, respectivamente. Sozinha, a medida vai retirar R$ 37 bilhões de circulação. A outra mudança, que passa a vigorar em 9 de abril, amplia a alíquota do compulsório para depósitos a prazo de 13,5% para 15%, com o acréscimo de recolhimento da ordem de R$ 34 bilhões. 

Além das medidas relacionadas ao depósito compulsório dos bancos, o mercado teve de computar em suas operações a taxa de desemprego de 7,2% em janeiro, divulgada pelo IBGE, que foi a menor da série para o mês e veio abaixo do piso das previsões; a queda do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria paulista para 81,7%, de 82,4% no mês anterior; e a disparada do IGP-M, que fechou fevereiro com alta de 1,18%, a maior taxa desde julho de 2008.

 

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