PUBLICIDADE

Computador representa 25% do crescimento industrial

Por Agencia Estado
Atualização:

O segmento de computadores e monitores de vídeo está sendo responsável por um quarto de todo o crescimento industrial do País este ano. Não fosse o aumento de quase 60% na produção deste setor, o modesto desempenho da indústria geral, de 2,73% de janeiro a julho, teria se limitado a pífios 2%. Financiamentos do governo e o câmbio baixo beneficiaram o segmento. O programa do governo de incentivo à venda de computadores populares e os efeitos do câmbio baixo na importação de insumos explicam o fato de o setor ter ultrapassado o peso de outros tradicionalmente mais expressivos, como extrativo mineral, refino de petróleo e indústria automobilística. Apenas o BNDES já liberou R$ 180 milhões dos R$ 300 milhões orçados para o ano numa linha de financiamento dentro do programa Computador para Todos, que também tem financiamentos da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil (BB). O programa, lançado ano passado e regulamentado esse ano, faz parte do pacote de bondades do governo para reanimar a atividade econômica. O pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ Paulo Gonzaga explica que a produção do segmento de máquinas para escritórios e equipamentos de informática (basicamente computadores e monitores) cresceu 56,8% este ano e gerou uma contribuição de 0,64 ponto porcentual para o crescimento da indústria brasileira até julho, último dado disponível do IBGE. "É o segmento de maior influência isolada. Impressiona esse resultado", diz o economista. Apenas para exemplificar, o segmento extrativo mineral gerou contribuição de 0,43 ponto para o avanço da indústria no acumulado do ano; refino de máquinas e equipamentos elétricos, 0,38 ponto; petróleo, 0,32 ponto; e veículos automotores, 0,15 ponto. Gonzaga explica que o real valorizado barateia a compra de insumos importados e cita a importância do Computador para Todos. Enquanto o BNDES financia o varejo para a compra de computadores a custos mais baixos, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil financiam o consumidor. Na prática, o banco de fomento financia uma rede de varejo para a compra de computadores a preço de custo, mas exige que as vantagens sejam repassadas no empréstimo ao consumidor. Por isso, uma das exigências da linha é a apresentação de relatório de auditoria externa sobre a operação. O chefe do departamento de operações indiretas do BNDES, Cláudio Leal, explica que a evolução da linha, criada no início do ano, tem sido rápida. Ele cita que o programa do governo está ajudando a formalizar as vendas do produto. Segundo Leal, pesquisas indicam que ano passado cerca de 70% das vendas de computadores eram irregulares, sem nota fiscal, patamar que já caiu para perto de 50% este ano. No início de agosto, a rede de lojas Magazine Luiza recebeu um financiamento de R$ 50 milhões do BNDES para a compra de computadores. O anúncio da liberação foi feito junto com a divulgação de um financiamento de R$ 1,74 bilhão para as indústrias de papel Klabin, em audiência com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, a Magazine Luiza recebeu financiamento do BNDES de R$ 80 milhões (em quatro operações), Ponto Frio, R$ 45 milhões, e Pão de Açúcar, R$ 20 milhões. Um grupo de fabricantes de computadores foi previamente cadastrado no Ministério de Ciência e Tecnologia, com empresas como Positivo, Novadata, Leader Tech e Semp Toshiba, no âmbito do programa. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) informa que, além do Computador para Todos, houve também isenção de PIS/Cofins na comercialização de computadores até R$ 2,5 mil e notebooks até R$ 3 mil. Dados da consultoria IT Data, contratada pela Abinee, mostram que o mercado de computadores avançou de 2,5 milhões de unidades para 3,5 milhões do primeiro semestre do ano passado para igual período desse ano. A estimativa é de que os preços finais caíram entre 20% e 25%. Em paralelo, a participação da indústria brasileira no segmento mais que duplicou, de 16% para 37%.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.