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Condomínio versus patrimônio

Por Agencia Estado
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Na tentativa de cortar gastos, síndicos e administradores de condomínios têm procurado reduzir o consumo de água, luz e outros serviços ou até mesmo encontrar soluções que aumentem a receita, como alugar garagens, salões e áreas de lazer. Mas quem convive há anos com essas contas alerta que taxa de condomínio baixa nem sempre é vantagem. A mensalidade não serve apenas para cobrir gastos ordinários. É também uma espécie de investimento que influencia na saúde do prédio e na valorização do patrimônio. "Quem faz questão de reduzir ao máximo os gastos dá um tiro no pé", afirma Vilma Paramezza, síndica do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Ela está à frente do condomínio desde 1984. E sua filosofia vai na contramão da tendência recente de se aumentar a arrecadação locando espaços na área comum dos prédios. "Antigamente, aqui era tudo loteado. Havia uma lanchonete que escondia a rampa que é uma obra-prima. Brigamos na Justiça para retirar o inquilino", disse. Para Vilma, certos ganhos podem se transformar em prejuízos, a longo prazo. "Do jeito que estava, isso viraria um camelódromo. E a deterioração de um imóvel desse porte cria deterioração do entorno todo." Ela ressalta ainda que na taxa do condomínio devem ser previstos gastos de manutenção que garantem o funcionamento do prédio. O valor da cota hoje é de R$ 12 a R$ 16 por metro quadrado. "Não é barato. Mas recuperamos o prédio." O resultado foi a valorização. Segundo a administradora, em 1984, uma sala de 40 metros quadrados era vendida por cerca de US$ 4 mil. Hoje a mesma sala não sai por menos de R$ 80 mil (US$ 33 mil), ou seja, um valor quase 10 vezes maior do que o praticado há 22 anos. Mas Vilma não descarta outras formas de o condomínio gerar renda. No alto do prédio, há anos é exibido o anúncio luminoso de um banco - o que garante verba para reformas sem cobrança de taxas extras no condomínio. Mais que isso, a propaganda vai bancar a obra de duplicação da capacidade de carga elétrica do prédio, que vai custar R$ 8 milhões. A síndica não quis informar o valor arrecadado mensalmente com o anúncio, mas garantiu que a obra será paga com a verba recebida nos últimos cinco anos, que foi aplicada. Alternativa Outros condomínios encontram formas inteligentes de aumentar a arrecadação, mas sem comprometer o patrimônio. É o caso do Cores da Barra, na Barra Funda, que aluga as quatro churrasqueiras e os dois salões de festas para os próprios condôminos. De acordo com a gerente Isabelle Grebillat, da Hubert, administradora do condomínio, o prédio consegue arrecadar cerca de R$ 1,5 mil por mês. O valor é abatido da taxa do condomínio. (Reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo)

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