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Construtoras voltam a focar a classe média

Por Agencia Estado
Atualização:

A classe média voltou a ser o alvo dos lançamentos das grandes construtoras e incorporadoras de imóveis que, nos últimos anos, ficaram concentrados nas famílias de alto poder aquisitivo pela falta de financiamento no mercado. Com a queda dos juros, a recomposição da renda e a oferta abundante de crédito, imóveis na faixa de R$ 70 mil a R$ 350 mil são agora as estrelas dos lançamentos. Uma pesquisa do Secovi de São Paulo, sindicato que reúne as empresas do setor da habitação, captou essa tendência. De janeiro a março, dos 2.724 lançamentos na cidade de São Paulo, 35% foram de imóveis de dois dormitórios, a mesma fatia dos imóveis de quatro dormitórios. Os números do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no País, mostram a retomada da construção civil. No primeiro trimestre deste ano, o setor foi um dos responsáveis pelo crescimento da economia. Enquanto o PIB aumentou 3,4% de janeiro a março deste ano ante o mesmo período de 2005, a construção civil cresceu o dobro, 7%. Neste mês, uma das maiores incorporadoras de imóveis comerciais do mundo e dona de US$ 11 bilhões em ativos, a Hines, dos Estados Unidos, estréia no Brasil no segmento de imóveis residenciais para classe média em parceria com a construtora Goldfarb. A companhia vai investir R$ 170 milhões em três empreendimentos. O primeiro lançamento, no Tatuapé, em São Paulo, ocorre neste mês. Serão 400 apartamentos de dois e três dormitórios, na faixa de R$ 78 mil a R$ 100 mil. A prestação mensal para os apartamentos de R$ 78 mil é de R$ 370. O imóvel é financiado pela Caixa Econômica Federal em 20 anos. Até o fim do ano, serão lançados mais dois empreendimentos nos mesmos moldes, na Casa Verde, zona norte, e Interlagos, zona sul da capital paulista, diz o diretor de Incorporações Residenciais, David H. Beeter. Nesse perfil, já existem outros empreendimentos da companhia que estão sendo negociados para serem erguidos em bairros de classe média do Rio e de São Paulo. "Analisamos o mercado brasileiro durante dois anos e constatamos que nesse segmento temos mais chance de crescimento", diz o presidente da Hines no Brasil, Douglas F.F. Munro. Traçando um paralelo com o carro popular, ele observa que a margem é menor nesse tipo de imóvel, porém o volume de vendas compensa. Outra grande incorporadora e construtora, a Company, programou nove lançamentos para este ano, com investimentos em terrenos que somam R$ 56 milhões. Seis são para a classe média, com imóveis de até R$ 350 mil, e três de alto padrão, na faixa de R$ 500 mil. Segundo o diretor de Relação com Investidores da Company, Luiz Rogélio Rodrigues Tolosa, um estudo mostra que para imóveis na faixa de R$ 100 mil, com prestação mensal de R$ 1 mil, existe uma demanda potencial de 20 mil unidades por ano. "É um mercado grandioso." De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, no primeiro quadrimestre deste ano os bancos despejaram R$ 2,38 bilhões para financiar 29,8 mil imóveis, 72% a mais do que no mesmo período de 2005. "Este será um bom ano", diz o presidente da Gafisa, Wilson Amaral, ressaltando que os bancos estão liberando mais recursos para o setor. O foco dos lançamentos da Gafisa será imóveis residenciais de R$ 150 mil a R$ 350 mil. "Esse segmento terá crescimento importante ."

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