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Bolsas globais fecham em queda após confirmação de infecção pela Ômicron nos Estados Unidos

Ibovespa, que já estava indo mal antes da confirmação por causa da PEC dos Precatórios, caiu 1,12% e terminou na casa dos 100 mil pontos, menor patamar desde 5 de novembro de 2020

Por Bárbara Nascimento
Atualização:

A manhã de recuperação nos mercados, tanto aqui quanto no exterior, deu lugar a uma tarde de desconfianças, o que resultou em volatilidade e no fechamento negativo de diversos ativos. Nos Estados Unidos, foi relatado o primeiro caso da variante Ômicron da covid-19 no país, o que afetou os preços do petróleo e fez desabar as ações das empresas aéreas por lá

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Se pela manhã o Ibovespa parecia ter deixado a derrocada de terça para trás, à tarde o índice sucumbiu ao pessimismo, sobretudo com as alterações na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. Ao contrário de ontem, em que apenas flertou com os 100 mil pontos, nesta quarta-feira, 1º, o índice fechou cotado em 100.774,57 pontos, queda de 1,12%, menor patamar desde 5 de novembro de 2020. Para além das incertezas dos últimos dias em relação à quando a PEC será votada no plenário do Senado e se há o quórum necessário, pesou nos ativos a intenção dos senadores de já endereçar uma nova mudança no teto de gastos para 2026. A percepção, dizem estrategistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, é de que isso selaria o fim da âncora fiscal.

"Apesar das mudanças, o teto ainda está vivo. No dia em que achamos que a PEC ia passar, nos 45 do segundo tempo, o (senador e relator da PEC, Fernando) Bezerra diz que talvez vai colocar um mecanismo para furar o teto em 5 anos. É quase dizer, na prática, que está tirando o teto", afirmou Rodrigo Natali, estrategista da Inversa.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

Nem mesmo a intenção trazida pelo relator, no meio da tarde, de votar a proposta no Senado nesta quarta foi suficiente para animar os investidores. Quase no fim do pregão, a sinalização foi invertida contudo e a análise do texto só deve ocorrer nesta quinta. A aprovação da PEC, apesar da deterioração fiscal causada pela mudança que o texto traz no teto de gastos, é vista como uma das principais incertezas domésticas. Isso porque, a cada dia em que fica no Congresso, a matéria está sujeita a mais mudanças e nova deterioração. "A PEC ainda é um monstro debaixo da cama. Cada dia em que o texto passa por mais um desafio, melhora essa incerteza. A cada novo ruído, piora um pouco", apontou Antonio Carlos Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3.

O mau humor foi acentuado no fim da tarde após a confirmação do primeiro caso da variante ômicron da covid-19 nos Estados Unidos derrubar os ativos globais. Em Nova York, as bolsas devolveram a recuperação do início do pregão e terminaram o dia no negativo. O Dow Jones fechou em forte queda de 1,34%; o S&P 500, de 1,18% e o Nasdaq, queda de 1,83%. Com isso, o Ibovespa derreteu ainda mais até chegar à mínima do dia, aos 110.726,95 pontos (-1,17%). Bem distante da máxima, pela manhã, aos 104.086,68 (+2,13%).

O petróleo WTI para janeiro fechou em baixa de 0,92%, a R$ 65,57 (US$ 0,61) o barril. E o Brent para fevereiro fechou em baixa de 0,52%, a US$ 68,87 (US$ 0,36) o barril. 

Pedrolin destaca que o noticiário não tem dado brechas para otimismo e inspira a cautela que ganhou a queda de braço no mercado hoje. Além das dúvidas em relação à PEC no cenário doméstico, a variante Ômicron coloca incertezas em relação à possibilidade de novos lockdowns e possíveis impactos no crescimento global e os mercados emergentes ainda digerem a perspectiva de uma retirada de estímulos (tapering) americano mais rápida que o previsto. Um tapering mais acelerado implica a subida de juros antes do estimado pelos EUA e uma fuga de capital natural de emergentes para ativos de menor risco.

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O mau humor doméstico, contudo, não foi suficiente para retirar o sinal positivo das ações da Petrobras, que sobem desde a manhã, apesar de a alta ter perdido muita força após a virada das cotações do petróleo no fim da tarde, que passaram a cair após a notícia da confirmação do primeiro caso da variante Ômicron nos EUA.

O mesmo ocorreu com a petroquímica Braskem, que sustentava a maior alta do índice, de mais de 5%. Apesar da cautela com a nova cepa, a percepção é de que uma possível pausa no aumento da produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) e a falta de progressos nas negociações sobre o acordo nuclear com o Irã devem diminuir o impacto da variante nos negócios.

Na outra ponta, o varejo segue sofrendo com a tempestade perfeita que se formou no setor: uma combinação de juros elevados, desemprego e endividamentos altos. Além disso, Natali, da Inversa, destaca que uma série de saques de grandes fundos multimercado e de bolsa nas últimas semanas, levados por uma migração de investidores da renda variável para juros, ajuda a derrubar as ações do setor. Destaque para Magazine Luiza, que liderou as quedas no pregão, com recuo de 11,7%. 

Dólar

Após encerrar novembro em queda de 0,19%, o dólar inicia dezembro em alta no mercado doméstico de câmbio, escorado em dois pilares: o ambiente externo mais desafiador  e os percalços da tramitação da PEC.

Após uma manhã de muita volatilidade e troca de sinais, reforçada pela liquidez bastante reduzida, a moeda americana se firmou em alta ao longo da tarde e passou a operar no patamar de R$ 5,66. Já na reta final dos negócios, o dólar superou a linha de R$ 5,67 e correu até a máxima de R$ 5,6718, para em seguida fechar a R$ 5,6708, valorização de 0,63%./ COLABOROU ANTONIO PEREZ

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