Depois da tempestade dos últimos dias para os ativos brasileiros, com aumento das preocupações fiscais e o endurecimento do discurso do Federal Reserve (o banco central americano), houve espaço para algum ajuste positivo nesta quinta-feira, 6. Com isso, a Bolsa interrompeu a sequência de três quedas, o dólar se acomodou abaixo de R$ 5,70 e os juros futuros pararam de subir.
Enquanto os investidores aguardavam pelo payroll (dados relacionados ao emprego nos EUA) nesta sexta, dirigentes do banco central dos EUA reforçaram a comunicação feita na ata da última reunião, ao apontarem para a possibilidade de o aumento de juros por lá começar em março. Mas como os mercados brasileiros - e também americanos - já tinham, em alguma medida, absorvido essa nova realidade na tarde de quarta, a correção pontual e técnica ao forte movimento negativo dos pregões anteriores não foi interrompida, ainda que tenha sido limitada, no caso da Bolsa.
O Ibovespa, depois de perder quase 4 mil pontos de segunda até quarta, atraiu compras, ainda mais em dia de alta das commodities, e chegou a superar os 102 mil pontos, mas encerrou o dia aos 101.561,05 pontos, alta de 0,55%.
Apesar da perda de força a partir do meio da tarde, com a Petrobras (ON -0,10%, PN -0,07% no fechamento) passando então a operar sem sinal único mesmo com avanço acima de 1% para a commodity, o desempenho, ainda assim, ficou acima dos pares em Wall Street, onde houve alguma recuperação de Nasdaq e S&P 500 em detrimento do Dow Jones, que caiu. O movimento mais cauteloso dos agentes reflete, além do Fed, as preocupações com a disparada da variante Ômicron, que segue como pano de fundo dos negócios.
Câmbio
Após três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 2,44%, o dólar à vista fechou em queda nesta quinta. Analistas atribuem o movimento a ajustes técnicos e operações naturais de realização de lucros, em dia de perdas da moeda americana em relação a divisas emergentes mais ligadas ao real, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
Contudo, a cautela fiscal doméstica, diante da escalada das reivindicações do funcionalismo público por reajuste, e a perspectiva de alta de juros nos Estados já neste primeiro semestre, mantêm os investidores na defensiva - o que impede o dólar de se afastar muito da linha de R$ 5,70 no curto prazo.
Embora tenha trocado de sinais pela manhã e início da tarde, a amplitude da movimentação da taxa de câmbio foi bem menor em relação a pregões anteriores, com a moeda oscilando apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,6720) e a máxima (R$ 5,7251). No fim da sessão, o dólar à vista era cotado a R$ 5,6800, em queda de 0,56%. Mesmo assim, a divisa ainda acumula alta de 1,87% na semana.