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Bolsa fecha em alta de 0,65%, mas tem ganhos limitados por impasse da PEC dos Precatórios

Ibovespa teve quarta alta seguida, mas investidores aguardam promulgação da PEC e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros nesta quarta

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa brasileira (B3) subiu pelo quarto dia consecutivo nesta terça-feira, 7, mas o impasse no Congresso para definir temas importantes, como a PEC dos Precatórios, além da espera pela Selic amanhã, tiraram parte do fôlego do Ibovespa, que subiu 0,65% aos 107.557,67 pontos, bem abaixo de Nova York, com ganhos de até 3% para o Nasdaq. No câmbio, o dólar acompanhou o exterior e caiu 1,27%, a R$ 5,6183.

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O infectologista da Casa Branca, Anthony Fauci disse hoje que não estão sendo observados quadros "muito severos" da covid-19 causada pela cepa ômicron. No entanto, pontuou que ainda é cedo para ter informações precisas sobre a nova variante. A divulgação pela farmacêutica GlaxoSmithKline de que estudos pré-clínicos demonstraram eficácia em tratamento de anticorpos contra a Ômicron contribuíram para o otimismo dos mercados.

O TD Securities diz que, apesar da preocupação com a Ômicron, é a Delta que vem ganhando espaço para uma segunda onda nos Estados Unidos. Por outro lado, a nova cepa parece ter levado a maior vacinação pelo país, diz o banco. Analista da Western Union, Joe Manimbo afirma que ainda que os temores sobre a Ômicron tenham moderado, a perspectiva segue baseada em incerteza, enquanto operadores aguardam os dados da inflação americana na próxima sexta-feira, 10.

Bolsa de Nova York tem dia positivo, ainda apoiada nas informações preliminares favoráveis sobre a Ômicron. Foto: Brendan McDermid/Reuters - 7/12/2021

Em resposta, Nova York subiu forte, com alta de 3,03% para o Nasdaq, 2,07% para o S&P 500 e 1,40% para o Dow Jones. Na Europa, os índices também tiveram um dia positivo: a Bolsa de Londres subiu 1,49%, a de Frankfurt, 2,82% e a de Paris, 2,91%. Na Ásia, a Bolsas de Xangai subiu 0,16%.

Os contratos de petróleo também foram beneficiados pela diminuição dos temores com a Ômicron. O barril do WTI para janeiro subiu 3,68% em Nova York, enquanto o Brent para fevereiro avançou 3,23% em Londres. Embaladas, as ações da Petrobras subiram 2,77% a ON e 1,63% a PN.

Em sintonia com o exterior, o Ibovespa chegou a tocar nos 108,1 mil pontos no melhor momento do pregão, mas perdeu fôlego logo no início da tarde, com os investidores voltados para o cenário doméstico. Apenas nesses quatro dias consecutivos de alta, o índice acumula ganho de 6,73%. No mês, o índice acumula alta de 5,54%. Entre as ações, Vale subiu 0,74%, mas o setor bancário caiu, com Bradesco, Santander, Itaú Unibanco e Banco do Brasil recuando, todos, mais de 1%.

Apesar de não ter sido suficiente para tirar o vetor de alta, os ruídos em Brasília em torno da PEC dos Precatórios chegaram a arrefecer o fôlego do Ibovespa no meio da tarde. A promulgação é alvo de um imbróglio entre Câmara e Senado. Os senadores promoveram alterações para "amarrar" o espaço fiscal da PEC ao novo programa social e despesas da Previdência e rejeitam a tentativa de fatiamento. A cúpula da Câmara, no entanto, cobra o fatiamento da proposta e quer deixar as mudanças para 2022.

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Com isso, as conversas entre os dois lados vão e voltam desde ontem, sem decisões, à beira do recesso de fim de ano do Congresso. Hoje, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), citou o dia 22 de dezembro como o prazo limite para uma decisão sobre o assunto. Apesar de o imbróglio estar no radar do mercado, a percepção é de que os maiores riscos já foram resolvidos em relação ao assunto, na votação da PEC no Senado. "O principal medo foi se dissipando. Primeiro exageraram no medo e depois viram que não era pra tanto. Está fazendo menos preço", aponta o analista de investimento da Toro João Vítor de Freitas.

Ainda por aqui, os investidores também já estão à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) para a Selic, que sai amanhã. O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, alinha-se ao consenso de que a Selic será elevada em 1,50 ponto porcentual amanhã, para 9,25%, mas ressalta que o Copom vai "surpreender" parcela do mercado ao não se "comprometer com manutenção" do mesmo ritmo de alta. "Mas deverá reafirmar o compromisso inequívoco com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante", afirma Oliveira, em relatório.

Câmbio

Depois de dois pregões seguidos de alta, em que esboçou voltar ao patamar de R$ 5,70, o dólar à vista cedeu, em dia marcado por forte apetite global por ativos de risco. O arrefecimento dos temores com a pandemia, além de dados positivos da balança comercial da China - com as exportações subindo 22% em novembro - e a movimentação do banco central chinês para aumentar os incentivos, animaram os investidores, deixando em segundo plano a iminência da redução de estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

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Operadores destacam que a apreciação do real poderia até ter sido maior quando se leva em conta o ambiente externo positivo, com alta firme das bolsas em Nova York e avanço da maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, na esteira da valorização do petróleo e do minério de ferro.

A cautela com o quadro doméstico - diante dos impasses no Congresso -, a perspectiva de um dólar mais forte no mundo e a pressão de remessas típica de fim de ano impedem a taxa de câmbio de se situar no curto prazo abaixo de R$ 5,60. Isso apesar do processo de aperto monetário em curso, diante de um novo reajuste da Selic amanhã. 

Nas mesas de câmbio, a avaliação majoritária é que o efeito do aperto monetário já está refletido na taxa de câmbio e que não se deve esperar, portanto, um arrefecimento maior do dólar mesmo com eventual aumento do diferencial entre juro interno e externo. /BÁRBARA NASCIMENTO, ANTONIO PEREZ, MAIARA SANTIAGO E ILANA CARDIAL

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