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Bolsa sobe 1,3%, aos 106,9 mil pontos, no maior nível desde 17 de dezembro; dólar cai

Bom desempenho das ações da Petrobras e do setor bancário apoiaram a alta do Ibovespa, que operou descolado de Nova York; índice fecha a semana com ganho de 4,10%

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa brasileira (B3) foi na contramão do mercado de Nova York nesta sexta-feira, 14, e fechou em alta de 1,33%, aos 106.927,79 pontos, no melhor nível de fechamento desde 17 de dezembro, apoiada no bom desempenho das ações da Petrobras. Na semana, os ganhos ficaram em 4,10%. No câmbio, o dólar manteve a trajetória de desvalorização e caiu 0,29%, a R$ 5,5132 - menor nível desde 16 de novembro.

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O Ibovespa teve o melhor desempenho semanal desde o intervalo entre 1º e 5 de março de 2021, quando havia avançado 4,70%. No mês e no ano, acumula ganho de 2,01%, fechando a primeira quinzena de janeiro no positivo, após largada bem negativa em 2022, com perdas nas três primeiras sessões. No melhor momento do dia, o índice tocou nos 107 mil pontos, em patamar não visto desde 20 de dezembro. 

O resultado da petroleira veio em sintonia com o avanço do petróleo no exterior - o Brent para março subiu 1,88% e o WTI para fevereiro, 2,07%. Por aqui, Petrobras ON teve ganho de 2,63%, e a PN, de 4,06%. O setor bancário também ajudou no desempenho do Ibovespa, com Banco do BrasilBradesco e Santander subindo 2,56%, 1,61% e 1,14% cada. Entre os destaques, estão ainda a alta de 0,58% de Vale e de 0,49% de Usiminas.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

"As ações de bancos, que estavam muito depreciadas, subiram hoje com resultados de bancos americanos, alguns um pouco melhores, mas em geral mistos - nossa temporada de balanços começa no final desse mês", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, que chama atenção para a diminuição nas vendas de papéis.

O mercado brasileiro operou hoje descolado de Nova York, que não conseguiu apagar o forte recuo de 2,51% do dia anterior - Dow Jones cedeu 0,56%, enquanto S&P 500 e Nasdaq avançaram 0,08% e 0,59%, respectivamente. Por lá, investidores digeriram hoje o resultado das vendas do varejo nos Estados Unidos, que tiveram queda de 1,9% em dezembro, mais forte do que a previsão de recuo de 0,1%. Já a produção industrial do país teve declínio de 0,1%, contra projeção de alta de 0,2%.

A Capital Economics culpa a inflação elevada e gargalos na cadeia produtiva pelo desempenho, mas ainda vê um 'impacto modesto' da Ômicron. Vale lembrar que nesta semana, o mercado ficou aliviado com a reafirmação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de que fará o possível para conter o avanço dos preços nos EUA. A expectativa é que uma alta de 0,25 pontos nos juros aconteça já em março.

"O descolamento brasileiro veio da surpresa positiva do varejo brasileiro, com crescimento acima do esperado, e que, embora pequeno, de 0,6% (em novembro ante outubro), resulta em otimismo na Bolsa, enquanto o exterior segue em ajuste, especialmente no setor de tecnologia", diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

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No Brasil, a melhora no desempenho do varejo na passagem de outubro para novembro fez o volume de vendas ficar 1,2% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. No varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, as vendas operam 1,9%, aquém do pré-pandemia. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Câmbio

Após trabalhar em leve alta durante praticamente toda a sessão, o dólar à vista perdeu força no fim do dia e emendou o quarto pregão consecutivo de queda. Lá fora, a moeda americana subiu frente a pares fortes, em correção após as baixas recentes, e apresentou comportamento misto na comparação com divisas emergentes. Com renovação de sucessivas mínimas na última hora de negócios, a moeda tocou em R$ 5,5087 na mínima do dia. Assim, o dólar encerra esta semana com desvalorização de 2,10%.

Analistas veem a perda de fôlego global da moeda americana ao longo desta semana como principal catalisador da apreciação real. Assim como o mercado acionário, o movimento é uma resposta ao reiterado compromisso do Fed em controlar o avanço dos preços nos EUA. Embora tenha subido hoje, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - desceu, nos últimos dias, de um patamar superior a 96 mil pontos para algo ao redor dos 95,200 pontos.

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No entanto, o cenário fiscal do País pode afetar o desempenho do real no curto prazo. Em campanha por reajuste salarial, servidores dos Três Poderes programaram paralisação para a próxima terça-feira, dia 18. Segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, o ministério da Economia quer "segurar a chave do cofre" até o dia 4 de abril, a partir de quando, pela lei eleitoral, segundo parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fica vedada a concessão de reajustes. 

"A pressão pelo reajuste dos salários dos servidores e consequente impacto fiscal deve continuar no radar dos mercados e pode prejudicar esse alívio momentâneo que estamos vendo no câmbio", afirma a economista Cristiane Quartarolli, especialista em câmbio do Banco Ourinvest. /LUÍS EDUARDO LEAL, ANTONIO PEREZ E MAIARA SANTIAGO

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