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Bolsa de Nova York recua 2,6% e limita desempenho do Ibovespa; dólar sobe 0,6%

Percepção de que o banco central dos EUA deverá elevar os juros em março azedou o humor do mercado; por aqui, protesto de servidores em busca de melhores salários também incomodou o investidor

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa brasileira (B3) se apoiou no bom desempenho da Vale e do setor financeiro nesta terça-feira, 18, para fechar com alta de 0,28%, 106.667,66. Os ganhos, porém, foram limitados pelo forte recuo de Nova York, com o Nasdaq cedendo 2,6%, diante das projeções de aumento dos juros nos EUA. Adicionando ainda mais incertezas ao mercado, o protesto de servidores em prol de melhores reajustes também foi monitorado pelo investidor. No câmbio, o dólar fechou em alta de 0,61%, a R$ 5,5603.

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Entre as ações, Vale subiu 2,45%, refletindo o minério de ferro na China, enquanto no setor financeiro, Itaú teve alta de 0,6%, Bradesco PN, de 1,81% e Banco do Brasil, de 0,89%. O setor de siderurgia também se destacou, com CSN avançando 2,59%, Gerdau, 3,40%, e Usiminas, 1,91%. Na semana, o Ibovespa cede 0,24%, mas sobe 1,76% no mês e no ano.

No início da tarde, a piora em Nova York levou o Ibovespa a zerar os ganhos do dia pontualmente, antes de iniciar rápida recuperação que o levaria, minutos depois, aos 107 mil pontos. A percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai elevar os juros em março, gerou grande cautela no mercado acionário. Uma elevação das taxas vai tornar a renda fixa dos Estados Unidos mais atraente, promovendo uma fuga de recursos das Bolsas e também dos países emergentes. 

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Em resposta, o Dow Jones caiu 1,51%, o S&P 500, 1,83% e o Nasdaq, 2,60% - o recuo no setor tecnologia, considerado um dos mais sensíveis do mercado, ajuda a explicar o forte recuo do índice. A Microsoft caiu 2,40%, depois de anunciar a compra da empresa de videogames Activision Blizzard, em um acordo de US$ 68,7 bilhões - é o maior negócio do setor de tecnologia na história. O dia também foi ruim para o mercado europeu, com Londres em queda de 0,63%, Frankfurt, de 1,01% e Paris, de 0,94%.

"O mercado aqui segue monitorando também a movimentação dos rendimentos dos títulos americanos, em reflexo de que o Fed pode ser mais duro no combate à inflação ao longo do ano. Além disso, há o risco fiscal no Brasil, com protestos e reivindicações de aumentos salariais por servidores públicos. A questão fiscal ainda assombra, o que se refletiu hoje especialmente no dólar futuro", diz Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.

"2022 inicia um ciclo contracionista, com elevação de juros e, em teoria, migração de recursos para ativos de renda fixa e mercados mais desenvolvidos", observa em relatório a equipe de Equity Research do Banco Inter. "Contudo, ainda vemos espaço para recuperação da bolsa local, vislumbrando um patamar de 125 mil pontos para o fim do ano, uma vez que vemos os papéis negociados no mercado brasileiro demasiadamente descontados em virtude de uma maior percepção de risco já precificada", acrescenta o texto.

O mercado também sofreu com a instabilidade fiscal provocada pelos protestos de servidores em prol de reajustes salariais, realizado em frente às sedes do Banco Central e do Ministério da Economia. Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) colocou em dúvida a concessão de reajustes salariais a servidores ao dizer que não há espaço no Orçamento, mas ainda é preciso esperar o presidente Jair Bolsonaro (PL) "bater o martelo".

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Já o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), minimizou a manifestação de servidores federais em Brasília e ponderou que o presidente Jair Bolsonaro ainda não bateu o martelo sobre o reajuste salarial em 2022. "Foi fraquinho", afirmou Barros ao Estadão/Broadcast. O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, disse que uma greve no funcionalismo público pode ter início em fevereiro, a depender da resposta do governo federal.

Câmbio

Após uma manhã de instabilidade, em que chegou a operar pontualmente descolado da tendência global de fortalecimento da moeda americana, o dólar à vista ganhou tração ao longo da tarde e não apenas se firmou em alta como voltou a trabalhar mais perto da faixa de R$ 5,60. A valorização acumulada nos dois primeiros pregões desta semana é de 0,85%, mas no mês, a moeda cai 0,28%.

A escalada da divisa por aqui se deu em sintonia com o avanço do retorno da renda fixa americana, que superou 1,86% e atingiu seu maior nível em dois anos, e do índice DXY, que mede a força do dólar ante moedas fortes, como euro, libra e iene. 

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O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, atribui o descolamento momentâneo do real do ambiente externo pela manhã à entrada de fluxo de recursos, que estava reprimida, e à valorização das commodities, como o petróleo. Hoje, o barril do WTI para março teve ganho de 1,83%, a US$ 84,83 - maior nível em sete anos -, enquanto o Brent para o mesmo mês subiu 1,19%

Ele ressalta que, a despeito do alívio recente, o patamar do dólar por aqui ainda é considerado elevado, o que abria espaço para uma recuperação do real. "O mercado amanheceu com algum descolamento do DXY, mas veio a alta forte da renda fixa americana e o dólar passou a acompanhar lá fora, com essa expectativa de elevação de juros nos Estados Unidos", diz Velloni. "No início do ano, falava-se em o Fed aumentar a taxa três vezes neste ano, mas alguns analistas estão falando em uma sequência de aumentos, já que a pressão inflacionária é muito forte". /LUÍS EDUARDO LEAL, ANTONIO PEREZ E MAIARA SANTIAGO

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