PUBLICIDADE

Publicidade

Dólar fecha a R$ 5,73, com investidor de olho na votação do Orçamento; Bolsa sobe 0,46%

Temor é de que na pressa para aprovar o Orçamento, sejam liberadas medidas que aumentem os gastos e reforcem ainda mais a desconfiança de investidores no País

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O andamento da votação do Orçamento, cuja primeira versão do texto foi aprovada nesta terça-feira, 21, em votação no Congresso, pressionou os ativos locais, mesmo apesar do desempenho positivo do mercado de Nova York, onde os índices subiram mais de 2%. Por aqui, o dólar passou o dia acima do patamar de R$ 5,70 - fechando em leve queda de 0,07%, a R$ 5,7388 -, enquanto a Bolsa brasileira (B3) teve leve ganho de 0,46%, aos 105.499,88 pontos.

PUBLICIDADE

Com o resultado, o Ibovespa apagou apenas parcialmente as perdas do dia anterior, quando caiu mais de 2%, devido ao aumento dos temores com a variante Ômicron do coronavírus. Na semana, o índice recua 1,59% e no mês, sobe 3,52%. Em Nova York, porém, o clima foi melhor, com Dow Jones em alta de 1,60%, o S&P 500, de 1,78% e o Nasdaq, de 2,40%. As Bolsas europeias também subiram, com Londres subindo 1,38%, Paris, 1,38% e Frankfurt, 1,36%.

Profissionais ouvidos pelo Estadão/Broadcast atribuem o fôlego reduzido do mercado local a preocupações com os rumos fiscais do País na véspera de ano eleitoral, que se materializam nas disputas em torno do Orçamento de 2022, cujo texto foi aprovado no fim da tarde de hoje pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso.

Na máxima do dia, em meio ao andamento da análise do Orçamento no Congresso, o dólar tocou em R$ 5,7543. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

O relatório do Orçamento foi aprovado antes do início do recesso parlamentar, na quinta-feira, 23, graças a um acordo costurado com o Centrão para preservar o máximo possível a verba para o fundo eleitoral, que foi reduzida timidamente, passando dos R$ 5,1 bilhões previstos para R$ 4,9 bilhões - 144% maior do que o valor destinado em 2020. Foi incluída na proposta a previsão de R$ 2 bilhões para reajuste salarial a policiais federais, uma demanda do presidente Jair Bolsonaro.

O relator-geral da proposta, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), destacou que a peça reserva R$ 130 bilhões para programas sociais entre Auxílio Brasil e outros benefícios. Em relação ao chamado orçamento secreto, a CMO carimbou um total de R$ 16,5 bilhões em emendas para 2022. Esse tipo de recurso poderá ser distribuído sem critérios claros de destinação ou transparência sobre os parlamentares beneficiados.

"O mercado passou o dia esperando a votação do Orçamento no Congresso, com volume fraco de fim de ano", afirma Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa de institucional da Renascença, para quem o Ibovespa deve fechar o ano ao redor dos 105 mil pontos. "Não devemos ter muita novidade daqui para a frente. Mas vai ter uma volatilidade no ano que vem em função das pesquisa eleitorais."

O sinal positivo do Ibovespa foi garantido basicamente pelo setor de commodities, com alta das ações de siderúrgicas e da Vale (refletindo a valorização de 2,59% do minério de ferro na China). As ações da Petrobras desaceleraram a alta ao longo do pregão, com a ON avançando 0,46% e PN, 0,14%, a despeito de as cotações do petróleo terem subido mais de 3% no mercado internacional.

Publicidade

A ação que mais subiu no dia foi a ON da Embraer, que fechou com alta de 16,02%, após a companhia anunciar que suas subsidiárias Eve e Embraer Aircraft Holding (EAH) celebraram acordo de combinação de negócios com a Zanite Acquisition. Após a conclusão da transação, a Zanite mudará seu nome para Eve Holding, Inc. e será listada na Bolsa de Nova York.

Câmbio

O real operou pressionado nesta segunda etapa da sessão, oscilando em margens estreitas, ainda em um movimento influenciado por questões sazonais e internas, uma vez que o dia no exterior era ameno e boa parte das moedas pares conseguiu se fortalecer frente ao dólar. Especialistas em câmbio apontaram uma demanda existente pela divisa tanto de empresas quanto de instituições financeiras que precisam zerar posição no exterior.

PUBLICIDADE

Em um momento de maior demanda, o dólar à vista chegou a ser cotado, na máxima intradia a R$ 5,7570, o maior nível nominal desde 31 de março deste ano, quando chegou a R$ 5,7705. Para tentar conter a alta da moeda, o Banco Central fez leilão de US$ 500 milhões à vista, mas a intervenção surtiu pouco efeito.

Diante do conturbado cenário local, a força contrária para amenizar a pressão veio do exterior, onde as moedas pares do real se valorizaram frente ao dólar. O alívio foi visto principalmente na lira turca e no peso chileno que, por motivos distintos, se desvalorizaram muito na véspera. /ANTONIO PEREZ, SIMONE CAVALCANTI E MAIARA SANTIAGO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.