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Bolsa cai aos 124 mil pontos à espera de decisão do Federal Reserve; dólar fica estável

Banco central americano decide amanhã o rumo da política monetária dos EUA, mas expectativa é que não aconteçam alterações; cautela predominou também no exterior

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa brasileira (B3) fechou em queda nesta terça-feira, 27, de 1,10%, aos 124.612,03 pontos, na véspera de decisão de política monetária nos Estados Unidos, acontecimento que deu o tom dos negócios desde o horário de negócios na Ásia, resultando em acomodação global do apetite por risco. No câmbio, apesar da aversão aos riscos, o dólar ficou quase estável, em leve alta de 0,06%, a R$ 5,1775.

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Mais forte do que nas últimas sessões, o giro financeiro foi hoje a R$ 29,3 bilhões. Na semana, o índice cede 0,35%, com perdas no mês a 1,73% - no ano, sobre 4,70%. Desde a manhã, houve poucas exceções positivas na carteira do índice, com destaque para Itaú PN, em alta de 0,98%, após autorização do Banco Central para que conclua a saída da XP, e especialmente a CPFL Energia, em alta de 1,89%, na ponta do Ibovespa, ao lado de Copel, com ganho de 0,66% e Bradesco PN, de 0,79%.

Entre as ações de grande peso, Vale ON caiu 2,08% e Petrobras PN cedeu 1,16%. Liderando as perdas na sessão, destaque para CVC, em queda de 5,21%, refletindo perspectiva menos favorável a viagens ante o avanço da variante Delta do coronavírus, PetroRio, com queda de 4,27% e Locaweb, de 3,93%.

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Divulgação

"Esses papéis registraram uma aceleração muito grande recentemente, com sinais de reabertura no horizonte; somado a isso, a perspectiva de subscrição até pouco tempo atrás a R$ 19 também trouxe ganhos para a empresa (CVC). À medida que o ambiente foi ficando menos favorável, vemos então essa pressão mais forte de venda", diz Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.

Na agenda doméstica, destaque, nesta véspera de decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a política monetária americana, para as contas externas do Brasil. "Os números mais contidos de IDP (investimentos diretos no País) só corroboram a ideia de que o Brasil está sendo deixado em segundo plano na decisão de investimentos. Reafirmo minha aposta de continuidade de taxa de câmbio desvalorizada aqui no Brasil, pela falta de apetite por nossos ativos", diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, em referência aos "míseros" US$ 174 milhões em IDP em junho, ante expectativa do mercado de US$ 2,5 bilhões para o mês.

Além da macroeconomia aqui e no exterior, o mercado acompanha nesta semana uma programação de peso para os resultados trimestrais, entre os quais o balanço da Vale. "Hoje, Tim [em queda de 0,78%], que divulgou ontem resultados positivos e crescimento de receita, teve uma abertura boa, em alta de 4,8%, mas foi perdendo força, em dia majoritariamente negativo para as ações", diz Braulio Langer, analista da Toro Investimentos.

"Os temores regulatórios na China [sobre setores como educação privada e tecnologia] continuaram a pesar hoje na Ásia, e se refletem também aqui, pela exposição que temos à economia chinesa, em commodities, com cautela reforçada hoje não apenas para a decisão de política monetária nos Estados Unidos, amanhã, mas também para os balanços de algumas grandes empresas de tecnologia americanas, que saem hoje", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos.

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Câmbio

A cautela pautou os negócios no mercado de câmbio nesta terça, em meio a um dia negativo para ativos de risco e à espera, amanhã, pela decisão de política monetária do Fed, seguida de entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. Sinais de desaceleração da economia americana em meio a pressões inflacionárias embaralham as apostas para o início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos. E essa incerteza, aliada a questões políticas locais, impede que o real se beneficie da expectativa de alta mais pronunciada da taxa Selic.

Em julho, a moeda americana acumula alta mais de 4%. Na mínima, bateu em R$ 5,1499, registrada no início da tarde, e máxima, em R$ 5,2060. O dólar futuro para agosto fechou em queda de 0,15%, a R$ 5,1710. A moeda brasileira até ensaiou se fortalecer pela manhã, em meio à perda de fôlego do dólar frente ao euro (após indicadores fracos nos EUA) e a divisas emergentes pares do real, como o peso mexicano. Mas o dólar voltou a ganhar força à tarde, com investidores adotando posições defensivas.

Para o operador Lucas Mastromonico, da B.Side Investimentos, o ambiente externo conturbado, com temores relacionados à China e ao avanço da variante Delta, e as questões políticas domésticas explicam a volatilidade recente do dólar e limitam o fôlego do real. "O clima é de muita incerteza. Mesmo assim, temos ainda a perspectiva de uma queda do dólar até o fim do ano, quem sabe para perto de R$ 5, com a Selic mais alta e as exportações fortes, por conta dos preços das commodities", afirma. /LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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