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Tomada global de risco faz Bolsa subir 1,17% e dólar cair 1,61%

Percepção de que o Federal Reserve não vai acelerar o passo do ajuste monetário abriu espaço para uma queda firme do dólar, e dia marcado por valorização das commodities

Por Antonio Perez e Luis Eduardo Leal
Atualização:

A recuperação de ativos de risco mundo afora, atribuída à percepção de que o Federal Reserve (Fed) não vai acelerar o passo do ajuste monetário, abriu espaço para uma queda firme do dólar no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira, 13. Operadores relataram fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa brasileira, em dia marcado por valorização das commodities agrícolas e metálicas, e para renda fixa local, dado o diferencial de juros interno e externo. 

B3, a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Rahel Patrasso/ Reuters

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Afora uma alta pontual na primeira hora de negócios, quando cravou R$ 5,15 na máxima, o dólar operou em queda por todo pregão. Em uma sequência de mínimas ao longo da tarde, chegou a descer até R$ 5,0475 (-1,81%). No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,0575, em baixa de 1,61% - o que levou a moeda a encerrar esta semana em leve queda de 0,35%, após ter subido 2,86% na semana passada. Com isso, os ganhos do dólar em maio agora são de 2,32%. Em 2022, a divisa acumula perdas de 9,30%.

Retomando dinâmica vista no primeiro trimestre, o real, que vinha apanhando mais que seus pares nos surtos de aversão ao risco, liderou nesta sexta os ganhos entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Profissionais do mercado afirmam que, após a forte reprecificação do real em abril, a divisa começa a encontrar dificuldades para se manter acima de R$ 5,10, dado o alto custo de manter posições compradas em dólar em razão da taxa de juros doméstica elevada.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas fortes - trabalhou em queda, na casa dos 104,500 pontos. O tombo poderia ter sido até maior não fosse a derrocada do iene, após o Banco do Japão sinalizar que vai manter a política monetária expansiva para tentar trazer a inflação para cerca de 2% no curto prazo.

Na quinta, o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, reiterou que o plano de voo da instituição é promover altas de 0,50% na taxa básica dos EUA nas próximas duas reuniões, embora tenha ressaltado que pode "fazer mais ou menos" dependendo do desempenho da economia.

Nesta sexta, o presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o BC americano vai fazer tudo que for necessário para controlar a inflação, mas que tem esperança de que o aperto monetário não precise ser tão agressivo. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, que na terça causou agitação no mercado ao dizer que uma elevação da taxa americana em 0,75% não estava descartada, defendeu hoje altas de 0,50% na reunião do Fed em junho e julho. A decisão de acelerar ou diminuir o passo ficaria para setembro.

Bolsa 

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Em alta entre a última quarta e esta sexta-feira, as três sessões de recuperação do Ibovespa levaram a referência da B3 a acumular ganho de 1,70% na semana, após cinco intervalos de queda, entre todo o mês de abril e a primeira semana de maio. Com o ganho de 1,17% na sessão desta sexta-feira, aos 106.924,18 pontos, vindo de altas superiores a 1% nos dias anteriores, o índice limita a perda acumulada no mês a 0,88%, após correção de 10,10% em abril, a maior perda mensal desde o mergulho de 29,90% em março de 2020, no auge da aversão a risco em torno da pandemia.

Nesta sexta, com giro a R$ 31,8 bilhões, o Ibovespa oscilou entre mínima de 105.690,55, da abertura, e máxima de 107.772,82 pontos, do começo da tarde, tendo encerrado abril a 107.876,16 pontos. Ade recuperação, embora menos vigorosa perto do fim da sessão, os ganhos se distribuíram pelos setores e empresas de maior peso no índice, desde parte dos bancos até commodities, em dia de forte alta para o petróleo, com Brent a US$ 111 por barril, e siderurgia, após avanço de 1,24% para o minério na China. 

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