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Debate sobre crescimento trava negociação do Global 40

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado de títulos da dívida externa brasileira registra poucos negócios, com o título Global 40 (o mais procurado) cotado próximo ao nível de fechamento ontem. É um ambiente que tem se repetido nos últimos dias. Na corretora López León, o Global 40 era cotado a 130,00 cents de dólar na compra e em 130,15 cents na venda às 12h21 (de Brasília). O último negócio foi fechado a 130,00 cents, nível do fechamento. O mercado está "acumulando" (pelas análises gráficas) nos níveis atuais, diz Márcio Jerônimo, da corretora López Leon. Isso ocorre quando o preço do ativo, no caso o Global 40, permanece muito tempo operando nos mesmos níveis, o que indicaria que os participantes não estão tomando novas posições. "O Global 40 está nesta faixa de acumulação desde 14 de agosto, oscilando entre 129,50 cents e 130,50 cents", diz. Ou seja, é um sinal de incerteza, afirma o especialista. Para ele, pode ser resultado do debate sobre o baixo crescimento da economia brasileira, além de outros fatores, como a piora da situação fiscal em um possível segundo mandato de Lula. "Este debate está se tornado recorrente e talvez os investidores estejam à espera do resultado das eleições para ver as perspectivas para a atividade do País", afirma. Ontem, o Financial Times destacou que, apesar da pouca preocupação dos brasileiros com o crescimento do País, os investidores já dão maior atenção ao fato. "A menos que o Brasil cresça, o boom para os ricos e pobres chegará ao fim", disse o Financial Times. "E, como é unanimidade entre os economistas, o Brasil não vai crescer, a menos que o próximo governo adote cortes de gastos politicamente difíceis. Na presente forma e, de acordo com o programa de governo para 2007-2010 do presidente Lula, são poucas as chances disto acontecer. Os mercados estão finalmente levando isto em consideração. Se os investidores acreditassem que as reformas estão a caminho, os contratos futuros teriam de estar precificando taxas de juros muito mais baixas do que as atuais", disse Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco", reportou o FT.com. As três principais agências de classificação de risco têm ressaltado que a vontade política será determinante para que o País possa implementar as mudanças necessárias que, potencialmente, o levarão ao grau de investimento. A revista britânica The Economist também trouxe o assunto à sua edição de 7 de setembro. Ao comparar a expansão do Brasil com de outros países emergentes, a The Economist diz: "o crescimento do Brasil caiu de expansão de 3,3% para 1,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, o menor crescimento entre cerca de 30 países monitorados." Já o FMI, no relatório "Perspectiva Econômica Mundial" (World Economic Outlook), observa que a expansão prevista de 3,6% em 2006 pelo fundo é bem inferior ao crescimento médio dos países emergentes, de 7,3%, e mundial, estimado em 5,1%. Em 2007, a previsão de crescimento do FMI para o Brasil é de 4%, também abaixo da expansão prevista para os emergentes, de 7,2%; e global, de 4,9%.

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