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Decisão do Fed faz dólar despencar para abaixo de R$ 2,20

Tombo foi de 2,97%, cotação de R$ 2,1920 é a menor desde 26 de junho; banco central americano decidiu manter injeção mensal de US$ 85 bilhões na economia mundial

Por Fabrício de Castro e da Agência Estado
Atualização:

SÃO PAULO - A aguardada decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) fez o dólar recuar de forma consistente em todo o mundo. No Brasil, a depreciação foi de 2,97%, e a moeda americana fechou cotada a R$ 2,1920.

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Ao manter em US$ 85 bilhões seu programa mensal de incentivos à economia, o Fed surpreendeu boa parte do mercado e disparou um processo de ajustes de posições. O dólar negociado no balcão nacional já caía ante o real desde o início da manhã, em meio aos leilões promovidos pelo Banco Central brasileiro. Mas o movimento foi aprofundado com o anúncio do Fed.

A cotação atingida nesta quarta-feira, 18, é menor de fechamento desde 26 de junho de 2013, quando encerrou a R$ 2,1900. O dólar acumula tombo de 8,02% apenas em setembro.

Na máxima da sessão, às 9h52, atingiu R$ 2,2530 (-0,27%) e, na mínima, perto do fechamento e já após a decisão do Fed, marcou R$ 2,1910 (-3,01%). No mercado futuro, o dólar para outubro tinha baixa de 3,07%, a R$ 2,1935.

Desde cedo, a expectativa com a decisão do Fed permeava os negócios em todo o mundo. No Brasil, o dólar recuava ante o real de forma consistente, influenciado pelos leilões de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) feitos pelo Banco Central. Ao vender todos os 63,3 mil contratos de swap oferecidos, em um total de US$ 3,215 bilhões, o BC manteve a oferta de moeda em alta, o que fazia o dólar recuar no Brasil, a despeito de a divisa americana manter certo viés de alta no exterior.

Análise. A maior parte do mercado esperava que a redução do programa de compra de bônus do Fed, que injeta US$ 85 bilhões por mês na economia dos EUA, começasse já em setembro. Como os estímulos foram mantidos, os investidores passaram a ajustar posições.

"O mundo inteiro estava olhando para o Fed. E como não houve mudança, quem tinha aposta de que haveria redução dos estímulos começou a desfazer posições", comentou profissional da mesa de câmbio de um banco. "Quem estava muito posicionado no fim dos estímulos agora

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precisa mudar isso. O mercado se antecipou, chutou no escuro e agora desarma isso", acrescentou Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.

Os ajustes ocorreram principalmente no mercado futuro, onde o giro dos negócios se intensificou, superando os US$ 20 bilhões, enquanto o movimento no mercado à vista seguia contido. Perto das 16h30, o giro à vista era de US$ 671,5 milhões conforme a clearing de câmbio da BM&FBovespa, sendo US$ 625,7 milhões em D+2. No mercado futuro, o giro era de US$ 20,256 bilhões.

O recuo consistente da moeda americana também disparou ordens de stop loss, intensificando o movimento. E apesar de o dólar terminar o dia abaixo dos R$ 2,20, profissionais ouvidos pelo Broadcast disseram que a moeda americana tende a buscar, nos próximos dias, uma nova taxa de equilíbrio. Para Sidney Nehme, economista da NGO Corretora, a tendência é que a moeda flutue entre R$ 2,20 e R$ 2,25.

"O que inibe que o dólar caia mais é que os importadores entram comprando. E os exportadores esperam que a taxa suba um pouco, o que segura as entradas", avaliou. "Na verdade, o cenário continua adverso, mas a perspectiva melhorou. Com a saída do (ex-secretário do Tesouro Lawrence) Summers da disputa para substituir Ben Bernanke no comando do Fed, a retirada dos estímulos deve ser moderada", acrescentou Nehme.

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