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Delfim Netto critica uso de juro para controlar inflação

Para o ex-ministro, não adianta o governo falar que deseja manter os preços sob controle se não promove uma política fiscal razoável

Por FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E RICARDO LEOPOLDO
Atualização:
Para o ex-ministro, a política monetária é um instrumento complementar à política fiscal Foto: Felipe Rau/Estadão

O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto criticou nesta sexta-feira, 7, a política econômica colocada em prática pelo governo que atribui única e exclusivamente à política monetária a responsabilidade de controlar a inflação. Segundo o economista, não adianta o governo falar que deseja manter a inflação sob controle se não promove uma política fiscal razoável. "Não adianta falar em inflação baixa se não for feita uma boa política fiscal, que é a mãe de todas as demais políticas econômicas", disse Delfim.

"O grande problema é garantir que o sistema funcione mais ou menos harmonicamente, com uma taxa de inflação baixa, relativamente estável e sem nenhum déficit externo muito significativo", disse o ex-ministro ao proferir palestra durante o Encontro de Política Fiscal 2014, organizado em São Paulo pela FGV Projetos.

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No entanto, segundo ele, fazer uma política fiscal razoável exige um trabalho de convencimento da sociedade. "É claro que poderíamos ter feito mais coisas. É claro que estamos com uma taxa de crescimento baixa, mas não estamos em uma situação apocalíptica. É que fizemos muita coisa errada. Em dezembro de 2003 fizemos uma alquimia. Conseguimos transformar dívida pública em superávit primário", disse o ex-ministro.

Para Delfim, o governo está com uma incapacidade de produzir superávit primário e o País está "namorando o limite superior inflação há 8, 10 anos", disse, acrescentando que o problema do governo não é a meta de 4,5% de inflação, mas subir para o limite superior.

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