Publicidade

Demanda por títulos externos traz menor pressão para o dólar

Por Agencia Estado
Atualização:

O nervosismo no mercado internacional, que causou certa aversão ao risco por parte de investidores estrangeiros, não minou o interesse de alguns grandes aplicadores por títulos da dívida externa brasileira. Esse interesse representa um menor potencial para o aumento do risco Brasil e, conseqüentemente, menor pressão de alta para o preço do dólar comercial. O Pimco, um dos maiores gestores de fundos de mercados emergentes globais, revela ter recebido muitas consultas de clientes preocupados com um possível fim dos ativos da dívida emergente após o amplo movimento de recompra desses papéis pelos governos. Em relatório divulgado hoje, no entanto, o vice-presidente executivo do grupo, Curtis Mewbourne, descarta esta possibilidade. Segundo ele, as oportunidades de investimento em mercados emergentes estão crescendo e vão ficar concentradas em duas áreas: bônus corporativos e títulos locais. Mewbourne lembra que, no início do ano, Brasil, Colômbia e Venezuela recompraram o equivalente a US$ 30 bilhões em dívida soberana. Este mês, o Brasil recomprou mais US$ 1,1 bilhão, ao mesmo tempo em que o Canadá anunciava a retirada de todos os seus títulos negociados no âmbito do Plano Brady (Bradies) do mercado. Esta redução no estoque da dívida externa acontece juntamente com uma significativa redução na emissão de novos papéis. "De fato, não houve qualquer emissão soberana em maio", diz o executivo. Ele ressalta que, com a amortização do principal da dívida e com os pagamentos de juros estimados em cerca de US$ 20 bilhões para o restante de 2006, estes pagamentos devem exceder os novos empréstimos, o que resultará em novas reduções no estoque da dívida. "As condições econômicas globais favoráveis (ao longo dos últimos meses) tiveram impacto positivo para o equilíbrio fiscal de muitos países emergentes, reduzindo a necessidade de empréstimos externos", afirma Mewbourne. Mas, mais do que o fim dos ativos da dívida emergente, o executivo acredita que o que está acontecendo é uma importante transição nas economias emergentes, que estão amadurecendo e ganhando importância na economia global. "Segundo o FMI, as economias emergentes respondem por 48% do PIB global (pelo critério de PPC, paridade do poder de compra) e estas economias estão crescendo a uma taxa média de 7%, ante 3% das economias desenvolvidas." Isto, acrescenta, aumentará a fatia dos emergentes na economia global. Mais investimentos locais "Os investidores estrangeiros estão se interessando pelos mercados emergentes locais por várias razões", diz Mewbourne. Ele cita as melhores condições de crédito e a crescente importância econômica, que fortalecem os fundamentos dos emergentes. Do ponto de vista dos retornos, ele menciona os prêmios que ainda persistem nas taxas de juros de muitos destes países. Os mercados emergentes da dívida doméstica igualmente evoluem favorecidos pelas melhores condições internas, como o fortalecimento dos sistemas financeiros, o aumento da poupança doméstica e a menor volatilidade, diz o executivo.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.