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Desempenho abaixo do esperado da economia chinesa pressiona mercados internacionais

Bolsas da Ásia e Europa caíram após varejo chinês crescer apenas 2,5% em agosto, gerando o temor de que a segunda maior economia o mundo possa estar estagnada; exceção, Nova York subiu

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Por Redação
Atualização:

Com exceção do mercado de Nova York, que virou para o positivo algumas horas antes do final do pregão, os índices de Ásia e Europa fecharam em queda nesta quarta-feira, 15, refletindo a divulgação de dados negativos sobre as economias chinesa e britânica, em meio ao temor de desaceleração da recuperação da economia global.

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Nesta madrugada, números oficiais mostraram que as vendas no varejo chinês cresceram em ritmo muito mais lento do que se previa em agosto. Em relação a um ano antes, houve alta de 2,5% nas vendas, enquanto analistas projetavam acréscimo de 6,3%. A produção industrial da China também decepcionou, com avanço de 5,3%, ante estimativas de ganho de 5,6%. Os dados podem indicar que a recuperação da segunda maior economia do mundo pode estar perdendo a força.

A percepção vem ganhando espaço desde ontem, após a inflação dos Estados Unidos recuar mais do que o esperado. Apesar da alta dos preços preocupar o país americano, pode levar a uma redução antecipada dos estímulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o mercado teme que este também seja um sinal de estagnação.

Vendas do varejo chinês decepcionaram em agosto, com alta de apenas 2,5%. Foto: Tingshu Wang/Reuters - 13/9/2021

Ainda na agenda de indicadores, a inflação ao consumidor no Reino Unido teve alta anual de 3,2% em agosto. Já a produção industrial da zona do euro cresceu 1,5% em julho ante junho, resultado bem acima da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam avanço de 0,6%.

No entanto, o mercado reagiu mal aos dados britânicos. O analista-chefe de mercados da CMC, Michael Hewson, afirma que a disparada nos preços em toda a Europa deixa as perspectivas econômicas mais incertas, principalmente porque pode elevar a inflação e forçar uma atuação dos bancos centrais. "O fato é que a recuperação que parecia tão sólida há alguns meses está começando a dar sinais de desaceleração acentuada", diz o economista.

Nos Estados Unidos, os dados vieram contraditórios. A produção industrial do país cresceu 0,4% em agosto ante julho, resultado um pouco abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam alta de 0,5%. Em compensação, o índice de atividade industrial Empire State subiu a 34,3 pontos em setembro, bem acima da previsão dos analistas, de 17,5 pontos. 

Bolsa de Nova York

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Apesar dos dados pouco animadores vindos da China, o mercado de Nova York, que oscilou pela manhã, conseguiu se firmar em alta, apoiado no bom desempenho do índice do Empire State. Com isso, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,68%, 0,85% e 0,82% cada.

Bolsas da Europa

Inseguros sobre a recuperação da economia global, após os dados pouco animadores da China, o mercado europeu caiu. O índice Stoxx 600 cedeu 0,80%, enquanto a Bolsa de Londres teve baixa de 0,25%, a de Paris, 1,04% e a de Frankfurt, de 0,68%. Já as Bolsas de Milão, Madri e Lisboa tiveram ganhos de 1,02%, 1,65% e 0,78%.

Bolsas da Ásia

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De olho nos resultados negativos da China, o mercado asiático também fechou em queda. Os índices chineses de Xangai e Shenzhen cederam 0,17% e 0,11% cada, enquanto a Bolsa de Tóquio caiu 0,52% e Taiwan, 0,46%. No entanto, a maior queda foi de Hong Kong, em baixa de 1,84%, pressionado por ações de operadoras de cassinos com sede em Macau, após as autoridades locais dizerem que planejam rever a regulação da indústria de jogos antes que licenças para cassinos sejam renovadas no próximo ano.

Na contramão, Seul teve modesta alta de 0,15%. Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho, em baixa de 0,27%, interrompendo uma sequência de três pregões de ganhos, influenciada por ações financeiras e ligadas a commodities.

Petróleo

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Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte alta hoje, com o preço do Brent em Londres ultrapassando o nível dos US$ 75 o barril, após o Departamento de Energia dos EUA anunciar um recuo de 6,422 milhões de barris nos estoques de petróleo na semana passada, ante previsão de queda de 2,5 milhões dos analistas. Por trás do bom desempenho estão os eventos climáticos que atingem o Golfo do México, ajudando a controlar a oferta de barris no mercado, em um momento no qual a demanda ainda é incerta.

Em Nova York, o WTI para outubro teve avanço de 3,05%, a US$ 72,61 o barril, enquanto o Brent fechou em alta de 2,53%, a US$ 75,46 o barril. A marca simbólica de fechamento não era atingida desde o dia 30 de julho. Em resposta, ações de petroleiras subiram, com destaque na Europa para BP, em alta de 3,08%, e Royal Dutch Shell, de 1,65%. Nos EUA, Chevron e ExxonMobil subiram 2,12% e 3,37%. /MAIARA SANTIAGO, IANDER PORCELLA, SÉRGIO CALDAS E MATHEUS ANDRADE

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