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DIs sobem e quase eliminam chance de corte da Selic

Cenário externo menos nebuloso e uma economia interna ainda aquecida contribuíram para a conjuntura

Por Marcio Rodrigues e da Agência Estado
Atualização:

 A conjunção de um cenário externo menos nebuloso, após a intervenção do Banco Central Europeu ontem e os indicadores melhores vindos dos EUA, e de uma economia interna ainda aquecida, como mostrou o IBGE ao anunciar que a taxa de desemprego cedeu de 5,8% em outubro para 5,2% em novembro, apagaram hoje as chances precificadas na curva a termo de juros futuros de um terceiro corte da Selic em 0,5 ponto porcentual em 2012.

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Além disso, durante a divulgação do Relatório trimestral de Inflação, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá aumentar os juros caso as previsões de avanço da inflação a partir de 2013 no cenário de mercado se confirmem. Isso levou alguns agentes, ainda que de forma pontual, a acreditarem que a Selic pode subir já no fim do próximo ano.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (575.545 contratos) subia para a máxima de 9,99%, ante 9,83% no ajuste, enquanto o DI janeiro de 2014, com movimento de 247.625 contratos e que reflete a política monetária de 2013, disparava para a máxima de 10,43%, de 10,23% ontem. Entre os longos, a alta era mais comedida, mas nem por isso menos importante. O DI janeiro de 2017 (26.795 contratos) estava em 11,00%, de 10,88% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2021 (1.610 contratos) avançava para 11,19%, de 11,09% no ajuste.

A taxa de desemprego de novembro, de 5,2%, foi a menor da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, iniciada em março de 2002. O porcentual também é o menor para o mês de novembro. O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje pelo BC, não trouxe grandes novidades. O documento voltou a enfatizar a crença no efeito desinflacionário externo para os preços domésticos e reforçou a estratégia do BC de ajustes moderados na condução da política monetária. Mas o próprio BC deu a entender, por meio de seu diretor de Política Econômica, que a inflação preocupa. A autoridade monetária, no Relatório, elevou os prognósticos para a inflação no primeiro semestre do próximo ano. Para o primeiro trimestre, a previsão subiu de 5,7% em setembro para 5,9%, segundo o seu cenário de referência. Para o segundo trimestre de 2012, foi feito o ajuste de 5,2% para 5,5%, enquanto o BC manteve o prognóstico de 4,7% para o terceiro e quarto trimestres de 2012.

O BC também informou que sua projeção para a inflação medida pelo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim de 2013 deverá ser de 5,3% no cenário de mercado. Neste quadro, a inflação não deverá convergir para o centro da meta, de 4,5%, até o fim de 2013. Já no cenário de referência, a inflação convergirá ao centro da meta de 4,5% no segundo trimestre de 2013, chegando a 4,4% ao fim desse período. E foi com base nessa perspectiva de mercado para 2013 que Hamilton foi mais enfático em relação à atuação do Copom para conter o avanço dos preços.

O quadro externo também contribuiu para o avanço das taxas futuras, uma vez que bolsas e commodities operaram em alta. Em primeiro lugar, não houve nenhuma notícia muito negativa da Europa, o que por si só já é bom. Além disso, alguns indicadores norte-americanos agradaram aos agentes.

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