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DIs têm viés de baixa com medida do BC e IPCA-15

Por Ana Luísa Westphalen
Atualização:

A quarta-feira começou agitada nos mercados, com o Banco Central anunciando mudanças nas regras do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo. As novas regras, que estão sendo detalhadas por técnicos da autoridade monetária, podem resultar em uma injeção de liquidez de R$ 10 bilhões no sistema financeiro. Também saiu hoje a prévia do índice oficial de inflação no País, o IPCA-15, que veio dentro do esperado, ao subir 0,14% em agosto, após alta de 0,17% em julho, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o IPCA-15 acumula taxas de 4,32% no ano e de 6,49% em 12 meses até agosto.Em consequência das mudanças anunciadas pelo BC e do IPCA-15 dentro do previsto, as taxas de juros exibem viés de baixa. No entanto, a alta do dólar e dos Treasuries limitam essa tendência. Há pouco, na BM&FBovespa, o DI para janeiro de 2015 tinha taxa de 10,80%, de 10,81% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2017 estava em 11,34%, na máxima de 11,36% no ajuste da véspera; e o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 11,53%, na máxima e nivelada ao ajuste anterior. Em Nova York, o juro da T-note de 10 anos estava em 2,408%, de 2,399% no fim da tarde de ontem.O BC anunciou mais cedo alterações nas regras do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo, mudando os procedimentos de cálculos referentes à ponderação de risco. Segundo a autoridade monetária, o compulsório a prazo poderá ser feito com dedução de letras financeiras e será permitido que operações com veículos (motocicletas e automóveis) sejam descontadas dos compulsórios. Essas novas regras permitem que até 60% do recolhimento sejam cumpridos com operação de crédito e restabelecem em 75% o fator de ponderação de risco (FPR) para operações de varejo.Além disso, o BC ampliou critérios de exposição e receitas máximas para classificar operações como varejo e também reduziu fatores de conversão em crédito de operações de comércio exterior e de garantias de performance. Segundo a autoridade monetária, as medidas podem ampliar crédito a pequenas empresas e fortalecer o comércio exterior. O objetivo das medidas anunciadas hoje, ainda conforme o BC, é incrementar a eficiência do sistema e salvaguardar sua resiliência.Para o economista da MCM Consultores Antônio Madeira, a situação do crédito hoje não se resume apenas à falta de oferta, mas à falta de demanda, e por isso o profissional se diz reticente em relação às medidas anunciadas mais celo pela autoridade monetária. "É preciso ver se haverá demanda por este crédito, já que o BC está atacando a oferta", disse Madeira.

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