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Dólar abre em alta, mas faz meia-volta e recua

Por Silvana Rocha
Atualização:

O Banco Central e o Tesouro Nacional voltam a atuar conjuntamente nesta quinta-feira, 22, com uma série de leilões para tentar segurar a escalada do dólar ante o real, mas o cenário externo tende a atrapalhar esse esforço. Os dados positivos do setor industrial (PMI) da China e da zona do euro em agosto e a sinalização da ata do Federal Reserve ontem de que a redução de estímulos nos Estados Unidos deve começar até o fim deste ano sustentam um movimento de alta do dólar, dos juros dos Treasuries e das bolsas europeias e índices futuros em Nova York.O dólar negociado no mercado à vista abriu nesta quinta-feira, 22, em alta, enquanto o dólar futuro para setembro oscila com sinal negativo desde a abertura. Os sinais desiguais da moeda no começo da sessão representaram ajustes ao fechamento de quarta-feira, 21, quando o dólar à vista encerrou cotado a R$ 2,4360, bem mais fraco do que a moeda no mercado futuro, que terminou em R$ 2,4590, informou um operador de tesouraria de um banco.Há pouco, o dólar à vista virou e passou a cair, cotado a R$ 2,4350 (-0,04%) na mínima. A moeda no balcão abriu a R$ 2,4450 (+0,37%) e, em seguida, atingiu uma máxima, de R$ 2,4510 (+0,62%). Às 9h42, o dólar no balcão voltou a subir e, às 9h51, estava cotado a R$ 2,4410 (+0,21%).No mercado futuro, às 9h52, o contrato de dólar com vencimento em 1º de setembro recuava a R$ 2,4460 (-0,53%), após renovar mínimas sequenciais até R$ 2,4385 (-0,83%). A máxima ficou em R$ 2,4585 (-0,02%), registrada após a abertura da sessão, cotado a R$ 2,4520 (-0,28%).Como esses níveis de preço do dólar sustentam fortes preocupações com a inflação, as autoridades do governo começaram na quarta-feira, 21, a definir uma nova estratégia para a atuação no mercado de câmbio. O presidente do BC, Alexandre Tombini, cancelou sua viagem anual a Jackson Hole (EUA), onde se encontraria com colegas de outros países, e toda a diretoria do BC foi instada a permanecer em Brasília. A presidente Dilma Rousseff, Tombini e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniram-se ontem à noite para amarrar a nova abordagem. Hoje haverá reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que pode anunciar medidas em relação à moeda americana.Entre os leilões marcados para esta quinta-feira, o Banco Central fará primeiro a quinta tranche de rolagem dos 100.800 contratos de swap cambial (US$ 5,04 bilhões) que vencem em 02/09/2013. Desde sexta-feira, já foram rolados 80 mil contratos relativos a esse vencimento. Na operação desta quinta-feira, a oferta é de até 20 mil contratos (US$ 1 bilhão) para 01/04/2014. O leilão será 10h30 até 10h40 e o resultado sai a partir das 10h50. A liquidação da operação será no dia 02/09/2013.Além disso, a autoridade monetária fará duas operações de venda de dólares conjugados com recompra da moeda estrangeira, conhecida como leilão de linha. Serão ofertados até US$ 4 bilhões distribuídos a critério do BC nas duas operações. As propostas para o leilão "A" serão recebidas entre 11h15 e 11h20, para recompra em 1º de novembro de 2013. Já o leilão "B", com recompra em 1º de abril de 2014, acontece de 11h30 a 11h35. A taxa de câmbio a ser utilizada para a venda de dólares por parte do BC será a Ptax do boletim das 11 horas de hoje. Serão aceitas até três propostas por instituição, para cada leilão. As operações de venda serão liquidadas no dia 26 de agosto de 2013.O Tesouro também fará dois leilões: o tradicional semanal de venda de LTN E NTN-F, ambos títulos prefixados, e uma operação extraordinária de recompra de até 2 milhões de LTN e até 2 milhões de NTN-F. Além da preocupação com o impacto do dólar alto sobre a inflação, os investidores têm outro foco de preocupação imediata. Um possível reajuste da gasolina tende a adicionar pressão às taxas futuras, porque o mercado já trabalha com uma elevação extra da inflação no médio prazo. Por isso, os juros precificam apostas em uma Selic, pelo menos, 3 pontos porcentuais maior, considerando os encontros do Copom em 2013 e 2014, o que deixaria o juro básico em 11,50% no fim do próximo ano.Nos Estados Unidos, ontem, a ata do Fed mostrou que os formuladores de políticas ficaram divididos sobre o cronograma da primeira redução das compras de títulos, tendo em vista que "uns poucos" participantes da reunião se mostraram favoráveis a começar essa redução logo e "uns poucos" pediram mais cautela. As autoridades do Fed também descreveram dados econômicos recentes como "mistos", deixando traders com poucas informações sobre o momento da primeira redução das compras de títulos mensais do Fed.Em Nova York, às 9h55, o euro caía a US$ 1,3336, de US$ 1,3355 no fim da tarde de ontem. O dólar subia a 98,49 ienes, de 97,62 ienes na véspera. A moeda norte-americana avançava +0,26% ante o dólar canadense, +0,71% diante da rupia indiana e +0,24% diante do dólar neozelandês. (

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