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Dólar cai 0,37% com mistério sobre continuidade de leilões do BC

Moeda americana reduziu queda ao longo do pregão e fechou a R$ 2,1760; contrariando prática rotineira desde agosto, autoridade monetária não anunciou venda de câmbio para dia seguinte e mercado especula fim de programa cambial  

Por Fabrício de Castro e da Agência Estado
Atualização:

O Banco Central (BC) quebrou na tarde desta quarta-feira, 16, a rotina do mercado de câmbio ao não anunciar um leilão de swap cambial para o dia seguinte, dentro da programação de intervenções diárias em vigor desde agosto. Ao não divulgar as condições do leilão às 14h30, como vinha fazendo, o BC lançou dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenções.

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Com o mercado sem nenhuma outra informação sobre o assunto, a moeda americana, que recuava de forma consistente deste cedo, passou a desacelerar sua queda ante o real. Ainda assim, o dólar à vista negociado no balcão fechou em baixa de 0,37%, cotado a R$ 2,1760 - acima do patamar mínimo de R$ 2,1570 alcançado mais cedo.

O BC vem realizando leilões diários de swap (equivalente à venda de dólares no mercado futuro), de segunda a sexta-feira, e de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), às sextas. Ao injetar recursos no mercado de forma sistemática, o BC conseguiu reduzir a volatilidade e conduzir a moeda americana para patamares mais baixos, preparando terreno para o fim dos estímulos do Federal Reserve à economia americana.

O problema é que o Fed, ao contrário do que se esperava, não começou a reduzir seus estímulos, o que aliviou a pressão de alta para o dólar. Além disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em sua reunião do último dia 9, elevou a Selic para 9,50% ao ano e deixou o caminho aberto para novas elevações, o que favorece a atração de moeda para o Brasil.

Com isso, o dólar perdeu o nível de R$ 2,20, levantando discussões no mercado sobre a necessidade de o programa de venda diária de moeda continuar ou não. Na sessão de hoje, o dólar flertou com patamares ainda mais baixos. Na mínima, verificada às 13h02, a moeda chegou a R$ 2,1570 (-1,24%). "O dólar continuava fraco, apesar de o Congresso dos EUA estar próximo de chegar a um acordo sobre o impasse fiscal no País. E pela manhã também houve entrada forte de recursos no Brasil", comentou João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora, ao justificar o movimento de baixa para a moeda americana ante o real nesta quarta-feira.

Outro profissional ouvido pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, afirmou que a mineradora Vale teria sido a principal responsável pela entrada de dólares, sendo que os recursos serão usados no pagamento de dividendos a acionistas. De fato, a Vale pretende pagar US$ 2,250 bilhões em remuneração a acionistas.

À tarde, a perspectiva mudou. "O mercado se acostumou com a confirmação dos leilões de swap, no início da tarde, para o dia seguinte. Como hoje não veio, houve uma reação", comentou Corrêa. Com isso, a moeda à vista atingiu a cotação máxima, de R$ 2,1770 (-0,32%), às 16h11, já na reta final dos negócios.

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No mercado futuro, o dólar para novembro, que encerra as operações apenas às 18 horas, registrava há pouco leves ganhos, após ter oscilado em baixa durante o dia. Às 16h42, o dólar para novembro subia 0,02%, a R$ 2,1875.

Até o momento, o BC não deu indicações se o leilão de swap de amanhã, dentro da programação diária, será realizado ou não.

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