Depois de digerirem com nervosismo a perspectiva negativa na classificação de risco dos EUA, definida pela agência de classificação de risco Standart & Poor's (S&P), ontem, os mercados tentam engatar recuperação nesta terça-feira. Por enquanto dá para falar mais em estancar perdas do que em ganhos, com os futuros das bolsas de Nova York exibindo altas tímidas. No câmbio, o avanço das moedas emergentes ante o dólar é um pouco maior, já que o euro computa os dados positivos na Europa e beneficia o restante do mercado. Às 13h55, o dólar comercial registrava queda de 0,69% a R$ 1,579.
O crescimento do setor privado na zona do euro surpreendeu positivamente com o índice dos gerentes de compra subindo para 57,8 em abril, o segundo maior índice desde junho de 2007. Isso abafou o dado ruim da confiança do consumidor da zona do euro, que piorou saindo de -10,6 em março para -11,4 em abril. Além disso, vendas fortes do setor automobilístico e de bens de luxo injetam ânimo. O quadro melhor de hoje se completa com a captação soberana feita pela Grécia, em montante acima do esperado e com juro que foi considerado razoável para atual momento de risco que atravessa o país.
Aqui, também no rastro do euro e da tentativa de melhora no exterior, o dólar maio exibia perda de 0,41% nos primeiros negócios do dia. A frustração de duas captações externas - Banco Pine suspendeu uma emissão de US$ 300 milhões, ontem e o Banco Bonsucesso desistiu de emitir US$ 200 milhões na sexta-feira - foi considerada pontual. "Em momentos de tensão externa o custo sobe e a operação é adiada, mas a avaliação de que o fluxo para o País continuará positivo permanece", disse um profissional.
O mercado de câmbio vai observar também o comportamento dos juros, que se movimentam de olho no resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com início hoje e encerramento amanhã. Embora a decisão da taxa Selic tenha impacto marginal no câmbio, num primeiro momento, não escapa aos analistas a ideia de que mais do que nunca as políticas monetária e de câmbio andam juntas.
Afinal, o próprio mercado identificou nas últimas medidas cambiais - de cobrança de IOF de 6% nos empréstimos externo de até dois anos - uma preocupação maior com o controle da atividade econômica do que com a taxa de câmbio. O governo quer controlar a quantidade de dinheiro disponível para crédito e procurou fechar essa torneira de recursos.
A percepção do mercado é de que, pelo menos de imediato, as entradas diárias fartas de dinheiro de curto prazo vistas nos primeiros meses do ano, estancaram. Há pouco, a taxa de juros em dólar estava em 7,30%. Mas como foi citado acima, isso não alterou a avaliação de que as entradas de dólares de prazos mais extensos vão continuar garantindo saldo cambial favorável ao País.
(Texto atualizado às 13h55)