O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira, 18, em queda de 0,87% e voltou a ficar abaixo dos R$ 3,40. Em queda de 0,55% na semana, a moeda americana terminou os negócios a R$ 3,3865 graças à forte atuação do Banco Central no mercado de câmbio, que aliviou a pressão de alta vinda do mercado externo diante da percepção dos investidores de aumento iminente dos juros nos Estados Unidos. Já a Bolsa teve um dia de leve alta, apesar da instabilidade, e terminou a semana avançando 1,31%.
"As seguidas intervenções do BC fizeram com que o real performasse melhor que seus pares", comentou o operador da corretora Renascença, Luís Laudísio.
O BC vendeu nesta manhã todos os 10 mil novos contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, e todos os 20 mil contratos para rolagem dos swaps que vencem em 1º de dezembro.
"O viés da moeda (norte-americana) é de alta, pressionada pelo exterior... com a perspectiva de aumento de juros após a fala de Yellen", avaliou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Na véspera, a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, disse que a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos não alterou em nada os planos do banco central norte-americano de aumentar a taxa de juros "relativamente em breve".
Com isso, cresceram as apostas de que o Fed elevará os juros em dezembro. E, com temores de que a política econômica de Trump possa ser inflacionária, cresceram expectativas de que o Fed pode acelerar o passo de sua política monetária mais apertada.
No exterior, o dólar atingiu nesta sessão os níveis mais altos desde 2003 ante uma cesta de moeda.
Internamente, questões domésticas começavam a fazer ruído nos mercados, como a situação fiscal dos Estados e as prisões de políticos, como ex-governadores do Rio de Janeiro, justamente um dos Estados com pior situação financeira.
"A pressão sobre os mercados locais tende a voltar... Por enquanto, é difícil esperar um recuo forte da percepção de risco-país", comentou a corretora Guide em relatório a clientes.
Mercado de ações. A Bovespa terminou o pregão aos 59.961,76 pontos, em alta de 0,32%, com uma agenda escassa. Investidores ainda operaram sob as dúvidas quanto ao futuro da economia global com Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, mas o movimento de ajuste de carteiras após a eleição nos EUA dá sinais de desaceleração.
Apesar da forte correspondência com as bolsas norte-americanas ao longo da semana, a leve alta do dia descolou do comportamento negativo por lá. O avanço foi garantido principalmente pelas ações de bancos, que recuperaram perdas da véspera, e das preferenciais da Petrobrás, que apesar da volatilidade, contaram com alta do petróleo e noticiário corporativo positivo.
À tarde, o Ministério Público Federal no Paraná (MPF-PR) anunciou a devolução de R$ 204,2 milhões em recursos da corrupção recuperados pela Operação Lava Jato para a Petrobrás. Segundo profissionais do mercado, a devolução dos recursos não chegou a influenciar os negócios, mas tem efeito positivo perante o mercado, que já vem antecipando um cenário mais benigno para a estatal. Ao final do pregão, Petrobrás PN subiu 1,61%, enquanto Petrobrás ON recuou 0,24%.
Entre os bancos, os destaques do dia ficaram com Santander Brasil Unit (+5,48%), Banco do Brasil ON (+2,94%) e Bradesco PN (+1,74%). Já as ações da Vale acompanharam a queda de ações de outras mineradoras pelo mundo e caíram 0,69% (ON) e 1,42% (PNA). A queda do dólar, por sua vez, derrubou ações do setor exportador, como Klabin Unit (-2,83%) e Embraer ON (-2,34%).
Com o resultado de hoje, o Ibovespa terminou a semana com ganho de 1,31%, indicando uma leve recuperação do susto inicial com a vitória de Trump. Na última quarta-feira, 16, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 51,158 milhões na Bovespa), o que reduziu o resultado negativo acumulado em novembro para R$ 2,864 bilhões. Em 2016, a Bolsa tem ingresso de R$ 14,652 bilhões em recursos externos.