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Após ‘efeito Lula’, dólar termina dia em baixa e Bovespa sobe

Confirmação de Lula da Casa Civil teve reação imediata no mercado e fez o dólar subir e a Bolsa cair, mas movimento se reverteu sob a influência do noticiário externo

Por Fabrício de Castro e Karla Spotorno (Broadcast)
Atualização:
Dólar Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Os negócios no mercado de câmbio foram marcados nesta quarta-feira, 16, por forte volatilidade, em função do cenário político. A chegada do ex-presidente Lula à Casa Civil e suas possíveis consequências conduziram as cotações, ora para um lado, ora para outro. A moeda americana chegou a ser cotada na faixa dos R$ 3,85 no pior momento do dia, mas perdeu força à tarde e migrou para o negativo após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O dólar fechou em baixa de 0,49%, aos R$ 3,7426. Já a Bovespa subiu em sintonia com os mercado de Nova York, sob influência do anúncio do Fed.

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O início do dia foi marcado por fortes ganhos da moeda americana, com investidores em busca de proteção antes mesmo que Lula fosse confirmado na Casa Civil. O movimento era uma continuidade ao que foi visto na segunda e na terça-feira, quando cresceu a percepção de que o ex-presidente, de fato, voltaria a Brasília. Por trás disso estava a avaliação de que, com Lula, a presidente Dilma Rousseff ganha fôlego para resistir até 2018.

Além disso, profissionais citavam os rumores de que, com Lula, Henrique Meirelles poderia voltar ao comando do Banco Central, no lugar de Alexandre Tombini. Para alguns, a troca no comando da instituição seria negativa. Logo após a confirmação de que Lula viraria ministro, perto das 11h30, o dólar bateu a máxima de R$ 3,8520 (+2,41%).

Depois disso, no entanto, a pressão começou a diminuir. Alguns profissionais ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado citaram durante a tarde que o uso das reservas internacionais para abater parte da dívida publica, uma proposta defendida por setores do PT, ganhou força com Lula na Casa Civil. Isso fazia a moeda americana perder força. "Se usarem as reservas, terão que vender dólares. E o mercado já se antecipa um pouco em relação a isso", disse um deles. Ao mesmo tempo, Meirelles é um nome forte na visão de muitos agentes, que poderia ajudar na recuperação da credibilidade do País.

O viés baixista para o dólar se intensificou após a decisão de política monetária do Federal Reserve. O Fed manteve a taxa dos Fed Funds na faixa de 0,25% a 0,50%, como esperado, mas citou riscos na economia global. Além disso, a mediana das projeções para os juros no fim de 2016 caiu de 1,375% para 0,875% e, para o fim de 2017, de 2,375% para 1,875%. Na prática, a indicação é de juros não tão altos nos próximos meses.

O dólar marcou mínimas ante o real após o Fed, mas as especulações em torno da chegada de Lula ao governo também eram citadas como motivo para os movimentos. No piso do dia, às 16h51, foi cotada a R$ 3,7321 (-0,77%). Depois, encerrou nos R$ 3,7426.

Bolsa. Considerando o início do pregão, a Bovespa indicava um fechamento em baixa hoje, em função da nomeação de Lula. Mas no meio da jornada, com a decisão do Fed, a tendência mudou. Ao manter os juros inalterados, o Fed sinalizou em seu comunicado que tende a anunciar dois aumentos - e não mais quatro, como era previsto - neste ano. Nova York reagiu em alta e, no Brasil, a Bovespa também avançou.

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O Ibovespa encerrou o pregão em alta de 1,34%, aos 47.763,43 pontos. Na mínima, vista mais cedo, ficou a ficar abaixo dos 46 mil pontos, em queda de 1,29%, aos 46.521 pontos. Na máxima, após o Fed, bateu os 47.814 pontos, em alta de 1,45%. O giro financeiro foi de R$ 8,098 bilhões.

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