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Dólar futuro recua com decisões da UE e leilão de swap

Por Silvana Rocha
Atualização:

As decisões já anunciadas da cúpula da União Europeia sustentam nesta sexta-feira uma firme alta do euro simultaneamente a quedas fortes do dólar em relação a algumas moedas ligadas a commodities. O clima externo melhor já influencia positivamente os negócios domésticos. No câmbio brasileiro, a nova oferta de até US$ 3 bilhões em contratos de swap cambial após a abertura do mercado à vista - a terceira consecutiva - e a definição da taxa Ptax de fim de mês, de trimestre e do primeiro semestre no início da tarde devem mexer ainda com rumo do dólar, pelo menos, na primeira parte da sessão.Como os "comprados" em derivativos cambiais neste vencimento já conseguiram antecipar o fortalecimento da taxa Ptax - que subiu 3,01% nas seis sessões anteriores, de R$ 2,0293 para R$ 2,0904 - o dólar tem espaço para ceder.A remoção das amarras a operações cambiais de exportadores, anunciada pelo Banco Central após o fechamento do mercado à vista na quinta-feira, também deve estimular a partir de agora uma participação mais ativa desses players na ponta de venda de dólar, contribuindo para alívio extra sobre a formação de preço da moeda dos EUA.Na quarta-feira, alguns operadores de câmbio ouvidos pela Agência Estado já cogitavam que, se as perspectivas para o fluxo comercial continuassem desfavoráveis para julho e o segundo semestre, o BC poderia rever a medida que proibiu, em março deste ano, que exportadores façam operações de pré-pagamento intermediadas por instituições financeiras. Agora, os exportadores poderão voltar a fazer operações de pré-pagamento com instituições financeiras ou empresas que não sejam as importadoras de seus produtos. Na quinta-feira, essa decisão já teve impacto de baixa sobre o dólar futuro.Enquanto os negócios à vista não começam, os participantes do segmento de derivativos cambiais estão precificando a novidade para os exportadores e ainda o sentimento externo favorável.O dólar futuro com vencimento em 1º de julho, que será liquidado na segunda-feira com base na taxa Ptax a ser formada nesta sexta-feira, abriu a R$ 2,0490, com queda de 1,35%. O vencimento seguinte, para 1º de agosto de 2012, que concentra as rolagens na BM&FBovespa, abriu a R$ 2,0575, com baixa de 1,67%.No leilão de swap cambial, das 10h15 às 10h30, se o BC voltar a vender o lote integral nesta sexta-feira, serão nada menos que US$ 9 bilhões despejados no mercado em apenas 3 dias. A oferta desta sexta-feira é muito semelhante às duas anteriores, não fosse o alongamento de prazo de um dos contratos a serem ofertados. Desta vez, serão ofertados até 60 mil contratos, distribuídos entre dois prazos: 3 de setembro de 2012 e 1º de outubro de 2012.Na Europa, as decisões do encontro de cúpula da UE anunciadas até agora estão sendo bem avaliadas nos mercados. Contudo, o encerramento ocorre nesta sexta-feira e, se nenhuma novidade for acrescentada, o ânimo dos agentes financeiros poderá se dissipar no curto prazo. Às 9h07, o euro subia a US$ 1,2597, ante US$ 1,2444 no fim da tarde de ontem em Nova York. Já o dólar recuava 1,55% diante do dólar australiano; perdia 1,06% em relação ao dólar canadense; recuava 2,10% diante da rúpia indiana; e caía 1,43% ante o dólar neozelandeês.Ao final do primeiro dia de reunião, na quinta-feira, a União Europeia (UE) anunciou que será criado um órgão supervisor comum para os bancos, que permitirá a recapitalização direta das instituições financeiras via o fundo de resgate permanente europeu (ESM), sem a exigência de novas medidas de austeridade pelos governos. Nesta sexta-feira, ao chegar para o segundo dia de reuniões com outros líderes europeus, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel disse que, embora a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) e o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM) possam canalizar recursos diretamente para os bancos, em vez de passar pelos governos, eles agora precisarão de aprovação unânime dos governos da zona do euro para isso.Também foi aberta a possibilidade de compra direta de títulos soberanos no mercado, aliviando a pressão sobre os custos de financiamento da Espanha e da Itália. Houve, ainda, um acordo para liberar 120 bilhões de euros em recursos a fim de estimular projetos de infraestrutura e gerar emprego, combatendo a recessão. A maior parte dos recursos virá do desbloqueio e do aumento do capital do Banco Europeu de Investimentos (BEI), que será ampliado de 50 bilhões de euros para 60 bilhões de euros. Outros 10 bilhões de euros virão de títulos da dívida europeia (project bonds). Os demais recursos serão obtidos pela liberação de fundos europeus já existentes.

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