Publicidade

Dólar sobe 1,51% e fecha cotado a R$ 3,23

Clima político tenso em Brasília e valorização da moeda americana no exterior influenciaram o movimento

Por Fabrício de Castro
Atualização:
A moeda americana encerrou a semana com leve perda de 0,03%. Foto: Reuters

SÃO PAULO - O dólar voltou a registrar ganhos firmes ante o real nesta sexta-feira, com os investidores de olho em Brasília. As dificuldades na relação entre o Planalto e sua base aliada voltaram incentivar a busca pela moeda americana hoje, assim como o exterior, onde o dólar avançava ante as demais divisas. 

PUBLICIDADE

O dólar à vista negociado no balcão subiu 1,51%, aos R$ 3,2360. Com isso, a moeda americana encerrou a semana com leve perda de 0,03%. Em março, porém, a moeda americana acumula ganhos de 13,31% e, no ano, avanço de 21,88%. No mercado futuro - o mais líquido e a principal referência para o câmbio brasileiro -, o dólar para abril tinha alta de 1,77% há pouco, aos R$ 3,2430. 

A moeda americana oscilou no terreno positivo durante todo o dia. Logo cedo, os investidores se posicionavam em dólares tanto aqui quanto no exterior, à espera dos dados do PIB americano do ano passado. As atenções também estavam voltadas para os números de crescimento do Brasil, após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informar que o País cresceu 0,1% no ano passado. 

O resultado veio dentro do intervalo das estimativas dos analistas consultados pelo AE Projeções, que esperavam de queda de 0,20% a expansão de 0,20%, que resultou em mediana com variação zero. Já no quarto trimestre de 2014 houve alta de 0,3% do PIB ante o trimestre anterior, melhor que a mediana projetada de -0,10% (intervalo entre queda de 0,40% e alta de 0,40%).

Os números vieram um pouco melhores que o esperado, mas acabaram sendo relativizados. Isso porque as projeções do mercado ainda levavam em conta a metodologia antiga do IBGE - e os números efetivos foram divulgados com base na atualização das Contas Nacionais. 

Seja como for, o dólar até teria motivos para recuar em função do PIB "melhor". Mas os investidores se mostraram cautelosos em função do ambiente em Brasília. As notícias de que o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocará em votação na próxima terça-feira projetos que não são de interesse do governo federal - como o que obriga a regulamentação da mudança de indexador das dívidas de Estados e municípios - ajudavam a sustentar os ganhos da moeda americana. 

Publicidade

No exterior, o dólar também subia, apesar de ter desacelerado um pouco os ganhos quando saíram os números do PIB dos EUA. Isso porque o crescimento do PIB no quarto trimestre do ano passado foi de 2,2% - igual ao da estimativa anterior e abaixo da previsão de que iria para 2,4%.

Neste cenário, o dólar marcou a mínima de R$ 3,1890 (+0,03%) às 9h07 no balcão, para depois atingir o pico de R$ 3,2460 (+1,82%) às 11h43. À tarde, houve certa acomodação, mas ainda assim a moeda americana manteve ganhos firmes ante o real. 

No exterior, a expectativa era por um discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Janet Yellen, no fim da tarde. Nele, ela afirmou que a alta de juros nos EUA provavelmente ocorrerá este ano, mas que mudanças na política do Fed serão dependentes de dados.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.