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Dólar supera os R$ 2,23, em alta de 1,64%

Manutenção de plano do Fed do dia anterior, de injeção de US$ 85 bi nos mercados por mês, sustentou ritmo forte de desvalorização do real

Por Fabrício de Castro e da Agência Estado
Atualização:

O dólar encontrou nesta quinta-feira, 31, uma série de motivos, tanto no Brasil quanto no exterior, para avançar de forma consistente ante o real. O comunicado de quinta-feira do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que manteve a possibilidade de redução dos estímulos à economia em dezembro, já fortalecia o dólar ante outras moedas no início do dia.

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No Brasil, isso foi amplificado pela pressão dos investidores comprados, que puxavam o dólar em dia de formação da Ptax de fim de mês. Passada a formação da taxa e com a confirmação de que o Banco Central não rolará um terço dos contratos de swap que vencem nesta sexta-feira, o dólar passou a acelerar seus ganhos ante o real, em um movimento de ajuste de posições.

No mercado de balcão, o dólar à vista encerrou em alta de 1,64%, a R$ 2,2310. Este é o maior patamar de fechamento desde 27 de setembro, quando atingiu R$ 2,2590. Na mínima do dia, vista às 9h26, a moeda marcou R$ 2,1950 (estável) e, na máxima, às 15h53, atingiu R$ 2,2360 (+1,87%). Perto das 16h30, o giro no mercado à vista somava R$ 1,542 bilhão conforme a clearing de câmbio da BM&FBovespa, sendo R$ 1,452 bilhão em D+2. No mercado futuro, o dólar para dezembro subia 1,68%, a R$ 2,2455.

Na quarta-feira, o Federal Reserve eliminou do documento divulgado após sua reunião de política monetária a referência ao aperto das condições financeiras. Na prática, a instituição pareceu enxergar um cenário mais positivo, o que mantém a possibilidade de uma redução dos estímulos econômicos em dezembro - o que se traduzirá em menos dólares no mundo.

No Brasil, a formação da Ptax intensificou a disputa entre comprados (que apostam na alta da moeda) e vendidos (que querem a baixa). Os investidores estrangeiros - comprados em dólar futuro e cupom cambial - pressionaram pela alta do dólar, enquanto os bancos, na outra ponta, atuavam para segurar a moeda.

O movimento de alta do dólar foi intensificado ainda pela divulgação do índice de atividade dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial de Chicago, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM), que saltou para 65,9 em outubro, de 55,7 em setembro, alcançando o maior nível desde março de 2011. O número reforçou a leitura de que o Fed pode iniciar, em um futuro próximo, a redução de seus estímulos.

Neste cenário, a Ptax que liquidará os derivativos cambiais nesta sexta terminou cotada a R$ 2,2026 no meio do dia, em alta de 0,63%. E isso ocorreu sem que o Banco Central tivesse entrado no mercado com mais swaps para rolagem dos vencimentos de novembro. Assim, dos US$ 8,9 bilhões de swaps que vencem nesta sexta-feira, cerca de US$ 6 bilhões foram rolados e outros US$ 2,9 bilhões serão retirados do sistema.

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Isso disparou uma aceleração do dólar no período da tarde, com investidores ajustando posições. "Após a terceira tomada da Ptax, o dólar começou a disparar, fazendo preço a rolagem parcial", comentou durante a tarde profissional de um banco.

O operador de uma corretora, que prefere não se identificar, disse que a aceleração pode ter disparado algumas ordens de stop, intensificando o movimento. "O mercado está se ajustando. O dólar ficou muito tempo trabalhando em certo patamar (abaixo dos R$ 2,20), represado, com o pessoal considerando certo limite de alta. Então, pode ter batido alguns stops", comentou.

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