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Estrangeiros retiram R$ 9,9 bilhões da Bolsa no primeiro semestre

É o pior resultado para esse indicador desde a crise financeira de 2008; incerteza com eleições e alta de juros nos Estados Unidos afastaram investidores

Por Fabiana Holtz
Atualização:

A incerteza política no País, o aperto monetário nos Estados Unidos e o embate comercial entre Washington e Pequim fizeram com que o investidor estrangeiro deixasse a Bolsa brasileira no primeiro semestre deste ano. Ao todo, R$ 9,947 bilhões foram retirados da B3 por estrangeiros no período, o pior resultado já registrado em um primeiro semestre desde 2004, ano em que os dados começaram a ser compilados.

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Até então, o maior déficit havia ocorrido entre janeiro e junho de 2008, quando R$ 6,6 bilhões saíram da Bolsa. À época, o mercado financeiro global sofria com o estouro da bolha imobiliária americana, que culminou com a quebra do Lehman Brothers em setembro daquele ano. No segundo semestre de 2008, R$ 17,9 bilhões foram retirados por investidores internacionais da Bolsa brasileira.

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Investidor estrangeiro retirouR$ 9,947 bi da B3 no primeiro semestre, pior resultado desde 2008. Foto: Rafael Neddermeyeri/Fotos públicas

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Para analistas do mercado, tudo indica que a saída de capital continuará nos próximos meses, ainda que em volume menor. Apenas em junho, os estrangeiros tiraram R$ 5,9 bilhões da Bolsa, segundo dados divulgados pela B3 nesta terça, 03. Apesar de expressivo, o volume está longe do recorde histórico, verificado em maio, de R$ 8,4 bilhões.

“A tendência é continuar não tendo um fluxo favorável, ao contrário do que ocorreu no começo do ano”, disse o economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, referindo-se a janeiro. Naquele mês, os estrangeiros injetaram R$ 9,5 bilhões na B3 impulsionados pela perspectiva de alta de 3% na economia brasileira e de crescimento global. Esse cenário, porém, mudou drasticamente diante da guerra comercial entre EUA e China, do desaquecimento da atividade econômica do País e da ausência de um candidato reformista nas primeiras colocações das pesquisas eleitorais.

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“Para os próximos meses, talvez haja até uma redução do volume (de capital) retirado pelos estrangeiros, porque já saiu muito (no primeiro semestre). Mas não há motivos para a entrada de recursos. Não há perspectivas de reformas”, acrescentou Bandeira.

De acordo com o analista Gustavo Cruz, da XP Investimentos, a indefinição completa do cenário político tem preocupado o investidor, que acaba fugindo do País. Essa apreensão deve permanecer pelo menos até o fim do primeiro turno das eleições, diz. “Depois, a tendência não é de situação de desespero, independentemente do candidato que se sair melhor. A maioria deles tem um discurso preocupado com a questão fiscal.” 

Já para a equipe de análise da Guide Investimentos, a saída de investimentos deve prevalecer até o fim de agosto, pois o cenário para emergentes seguirá desfavorável. Segundo a corretora, além do panorama eleitoral indefinido, há a expectativa de alta nos juros nos Estados Unidos e na Europa – o Banco Central Europeu deverá a seguir o movimento de aperto monetário nos próximos meses.

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Lucas Claro, analista da Ativa Investimentos, concorda que a tendência de retiradas não se encerrará tão cedo. Segundo ele, o clima de guerra comercial entre China e Estados Unidos, aliado à valorização do dólar, contribui para a busca por proteção em mercados mais seguros, como os de títulos do Tesouro americano. 

Dia. Apesar do panorama desfavorável para a Bolsa no médio prazo, o Ibovespa (principal índice da B3) fechou o pregão desta terça-feira, 03, com alta de 1,14%, aos 73.667,75 pontos. Os papéis da Kroton, empresa de educação, foram os de maior destaque, com alta de mais de 9% após o Ministério da Educação anunciar que serão ofertados 50 mil novos empréstimos do Fies ainda neste ano. A Embraer subiu 5,10% com a informação de que as negociações para a venda da companhia para a americana Boeing seriam discutidas, em uma reunião, entre o presidente Michel Temer e os ministros da Defesa, Joaquim Silva e Luna, da Segurança Pública, Raul Jungmann, e da Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen./

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