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Falta de dados reduz apetite de investidores pela Varig

Por Agencia Estado
Atualização:

Se tudo correr como programado, o destino da Varig deve ser definido na próxima quinta-feira, quando potenciais investidores deverão fazer suas ofertas no leilão de venda da empresa. Inicialmente o leilão estava previsto para o dia 9 de julho, 60 dias após a assembléia geral de credores que aprovou os modelos de venda e também o preço mínimo a ser pago pela companhia. Antecipado em cerca de um mês, para 5 de junho, devido à crítica situação do caixa da empresa, o leilão foi adiado na última sexta-feira, para a próxima quinta-feira, dia 8. O adiamento deu um alívio para a empresa, pois potenciais investidores ameaçavam não comparecer ao leilão por falta de tempo para prepararem suas propostas. O leilão está cercado de dúvidas. Os investidores têm demonstrado preocupação com a falta de informações disponíveis, inclusive sobre quais são os ativos à venda. A principal queixa diz respeito à falta de garantias de que não haverá sucessão de dívidas trabalhistas e fiscais, como prevê a nova Lei de Recuperação de Empresas, questão que divide opiniões de juristas. Outra incerteza, dizem investidores, está relacionada à transferência dos direitos de vôos e horários para a nova empresa. Como costuma acontecer na Varig, às vésperas de uma grande decisão surgem inúmeros interessados, mas são poucos os que exibem comprovação de origem dos recursos. Desta vez, surgiram diversos fundos estrangeiros, cujos nomes nunca são revelados. São aqueles representados por consultores locais como Azulis Capital ou Jayme Toscano, que ora se dizem interessados e ora desistem do negócio. Mas estes nem chegaram a pagar os R$ 60 mil que dá acesso ao data-room, sala de dados com informações sobre os ativos da Varig à venda. Dentre os que pagaram acesso ao data-room, TAM e Gol, dizem fontes próximas às duas empresas, não devem entrar no leilão. Entraram no data-room por ?dever de ofício?, para conhecer mais a fundo os números do concorrente. O escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que também teve acesso ao data-room, não revela para quem está trabalhando, mas especula-se que seria para algum fundo internacional, como Booksfield ou Texas Pacific Group. Na Varig, muitos têm esperança de que estes dois fundos façam propostas na quinta-feira. O mais cotado continua sendo o empresário German Efromovich, da OceanAir. Ele é o nome preferido na cúpula da Varig, mas as negociações não têm sido nada fáceis. ?O German é quem mais tem interesse, mas ele não quer abrir a carteira?, diz uma fonte na empresa. O empresário estaria tentando negociar a compra da Varig com créditos tributários que teria junto ao governo. Se não aparecer nenhuma proposta pelo preço mínimo pedido pela Varig - US$ 860 milhões pela Varig Operacional (doméstico e internacional, excluindo as atividades comerciais e as dívidas) ou US$ 700 milhões pela Varig Regional (só operação doméstica, sem dívidas) - a empresa deverá ser vendida pelo preço que aparecer. Porém, os credores já avisaram: se for um preço vil, vão à Justiça tentar impugnar o leilão.

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