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Faturamento das operadoras fixas cai pela primeira vez

Por Agencia Estado
Atualização:

As empresas de telefonia fixa estão com suas operações estagnadas. No segundo trimestre, o setor registrou a primeira queda de faturamento líquido desde a privatização em 1998, ainda que pequena. Muitos clientes não têm dinheiro para manter a linha fixa, e acabam optando pelo celular pré-pago. "O resultado deste período diz muito como tendência", afirma a analista da BES Securities Luciana Leocádio. Os novos negócios explorados pelas companhias - telefonia móvel e banda larga - não se mostraram suficientes para compensar a retração do mercado de linhas fixas. Levantamento realizado pela Agência Estado mostra que a receita líquida das três concessionárias locais fixas (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom) recuou 0,5% na comparação com o segundo trimestre de 2005, para R$ 10,1 bilhões. A geração operacional de caixa teve perda equivalente, para R$ 4,1 bilhões, mantendo a margem do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) estável em 40,3%. Para o especialista do Banco Brascan Felipe Cunha, o principal ponto deste resultado é a demonstração "do imenso desafio que as empresas têm para fazer a receita crescer". Ele lembra, porém, que o período foi afetado pela concentração de feriados e também pelos efeitos negativos da Copa do Mundo, pois as pessoas utilizaram menos o telefone nos dias de jogos. Já o lucro das operadoras cresceu 14,9%, para R$ 1,1 bilhão, entre março e junho de 2006 ante o mesmo período do ano passado. O endividamento líquido total do setor ao final de junho estava em R$ 10,2 bilhões, equivalente a uma redução de 11,9% sobre o mesmo mês de 2005. "Acredito que este movimento continuará", diz Cunha. "As empresas vão aproveitar a evolução do cenário econômico para cortar o custo da dívida e alongar os vencimentos." Oportunidade O analista da ABN Amro Real Corretora Alex Pardellas vê esta perspectiva como uma oportunidade de potencial aumento dos dividendos pagos aos acionistas. Isso porque o fluxo de caixa livre das empresas está crescendo pela combinação de Ebitda relativamente estável com queda da dívida e da necessidade de investimentos. No lado operacional, a ausência de expansão no faturamento consolidado é fruto da queda na telefonia fixa tradicional. As companhias estão perdendo linhas em serviço e tráfego. A quantidade de telefones em operação sofreu baixa de 1,6% de junho de 2005 para o mesmo mês deste ano, o que corresponde a aproximadamente 600 mil terminais. Com isso, as operadoras fecharam o segundo trimestre com 39,241 milhões de linhas em atividade. A redução está sendo compensada por duas receitas em expansão: telefonia móvel e ADSL. Somente a Telefônica não tem operação celular integrada, participando de forma independente do capital da Vivo em parceria com a Portugal Telecom. Porém o ritmo de avanço nos novos serviços se mostrou inferior à velocidade de redução dos negócios tradicionais, mesmo com o reajuste de 7,5% que houve em julho de 2005 e que está presente na comparação entre os períodos avaliados. Na opinião de Luciana, da BES Securities, a retração na telefonia fixa tradicional ficará ainda mais evidente no desempenho consolidado do ano, pois não houve reajuste em julho passado e sim uma pequena redução nas tarifas das companhias. Não é por acaso que as teleconferências com analistas mostraram maiores preocupações com o futuro da telefonia fixa e a ansiedade por novas fontes de crescimento. "As empresas estão migrando para um modelo convergente também para tentar reter o cliente", destaca Luciana.

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