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Fed discutirá venda de ativos hipotecários na próxima semana

Quando e como se desfazer de US$ 1 trilhão em títulos é tema do encontro

Por Regina Cardeal e da Agência Estado
Atualização:

O Fed (banco central dos Estados Unidos) adquiriu mais de US$ 1 trilhão em títulos lastreados em hipotecas nos últimos 15 meses. Em sua reunião na próxima semana, as autoridades do banco devem tentar decidir quando e como vão se desfazer destes ativos sem prejudicar os mercados financeiros e a recuperação econômica, segundo The Wall Street Journal. É possível, no entanto, que o comunicado do encontro não faça menção ao tema.

 

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O pensamento do Fed sobre as taxas de juros é direto. A recuperação ganhou tração, mas não tem sido suficientemente vigorosa ou duradoura para garantir uma elevação do juro em breve. No encontro de terça e quarta-feira, é provável que o Fed repita seu sinal de que as taxas vão continuar baixas por "um período prolongado".

 

A questão mais desafiadora será chegar a um acordo sobre um plano de longo prazo para reduzir o balanço do Fed que chegou a US$ 2,38 trilhões - mais do que o dobro de seu nível pré-crise -, segundo fontes do Fed.

 

As vendas de títulos lastreados em hipotecas provavelmente não acontecerão em breve. Também é possível que o Fed não sinalize suas intenção sobre a questão no comunicado que será divulgado depois da reunião, na quarta-feira. Mas os mercados estão nervosos porque o volume de bônus hipotecários é muito grande. Com US$ 1,1 trilhão em dívida hipotecária garantida pela Fannie Mae, Freddie Mac e Ginnie Mae, o Fed detém cerca de um quinto de todos estes instrumentos em circulação.

 

O tamanho desta carteira torna estas decisões tão cruciais. O Fed de Nova York estima que as compras de hipotecas e bônus do Tesouro pelo Fed empurraram as taxas de juro de longo prazo cerca de meio ponto porcentual para baixo. O mero anúncio das vendas poderá ter o efeito oposto, com os investidores precificando as vendas futuras.

 

Especulações sobre as vendas na manhã desta sexta-feira derrubaram os preços dos títulos de longo prazo do Tesouro, levando os juros para cima, de 3,78% para 3,82%.

 

"Se eles venderem os ativos, claramente haverá um grande impacto na ponta longa do mercado de bônus, dependendo de como eles farão isso, quando e com qual velocidade", afirma David Zervos, estrategista do mercado de bônus da Jeffries & Co.

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Mesmo que cheguem a um consenso na próxima semana, muitas autoridades querem ter flexibilidade para evitar que o Fed fique amarrado a um rumo que o banco central queira alterar posteriormente. "Não me parece necessário nem aconselhável decidir um plano único de jogo a ser anunciado previamente e implementado rigidamente", disse Daniel Tarullo, um dirigente do Fed, este mês.

 

Na próxima semana, o staff do Fed apresentará modelos para prever como diferentes abordagens para reduzir a carteira poderão ser recebidas pelo mercado. Mas algumas autoridades temem que eles tenham pouca experiência em venda da ativos e não podem depender exclusivamente de modelos para prever a reação dos mercados. Isso - e o temor de abalar um mercado de moradia ainda vulnerável - tem levado altas autoridades a preferirem uma ação gradual e cautelosa, num ritmo previsível.

 

Embora aumentos do juro e vendas de ativos ainda devam demorar, o Fed se prepara para dar passos menores rumo à estratégia de saída. Nas próximas semanas, é provável que comece a testar um novo programa no qual aceitará depósitos de longo prazo de bancos, chamados depósitos a termo, um passo destinado a ajudar a drenar dinheiro do sistema bancário quando quiser elevar os juros.

 

O Fed também ampliará os testes das operações de "recompra reversa", que é outra forma de drenar dinheiro do sistema financeira para incluir não só bancos, mas também fundos mútuos do mercado monetário e possivelmente outras instituições financeiras. Funcionários do Fed descrevem estas medidas como testes e não como o início do aperto. As informações são da Dow Jones.

 

 

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