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Fundos perdem R$ 4 bilhões com vaivém dos mercados

Por Agencia Estado
Atualização:

As turbulências no mercado financeiro global provocaram perdas de quase R$ 4 bilhões no patrimônio dos fundos de investimento brasileiros entre os dias 26 de fevereiro, véspera da queda de 8,8% da Bolsa de Xangai, e a última terça-feira (6 de março). Os mais afetados foram os fundos de FGTS atrelados às ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, com prejuízo de 7,97% e 7,02%, respectivamente. Os papéis das duas companhias foram os que mais sofreram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Em seguida, vieram os fundos de ações, com desvalorização média de 6,19% (no mesmo período, o Ibovespa teve queda de 6,47%). Os fundos multimercados, que este ano se tornaram a vedete dos investidores, tiveram perdas de 0,36%, em média. Em termos absolutos, os R$ 4 bilhões representam apenas 0,4% do patrimônio total da indústria de fundos, que está em aproximadamente R$ 1 trilhão. No universo dos fundos de ações, no entanto, o prejuízo é relevante: R$ 2,7 bilhões, levando-se em conta um patrimônio total de R$ 36 bilhões, ou 7,5%. Responsável pelo levantamento, o economista Marcelo D?Agosto, do site Fortuna, informou que, apesar das fortes oscilações, não houve corrida de investidores para sacar dinheiro dos fundos. ?Não houve resgates?, afirmou. Ele alertou, porém, que ainda é cedo para tirar conclusões sobre o comportamento dos brasileiros durante o vaivém das bolsas mundiais. De acordo com o especialista, o período é muito restrito para que se faça uma análise dos movimentos de saques e depósitos. ?As transferências de curto prazo distorcem os dados.? A turbulência que começou na China é considerada pelos especialistas o primeiro grande teste para os investidores do Brasil, que, em sua maioria, estão acostumados a fundos com boa rentabilidade e baixo risco - notadamente os DIs e os de renda fixa, cujo patrimônio é composto por títulos públicos. Para se ter uma idéia, no período da turbulência, os fundos DI tiveram rendimento médio de 0,29% e os de renda fixa, de 0,26%. Com a tendência de queda para a taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,75% ao ano, tem havido uma migração em busca de produtos de maior risco, que, em tese, oferecem maior rentabilidade ao aplicador. A mudança de cenário também levou o governo a modificar o cálculo da remuneração da caderneta de poupança. O rendimento de alguns fundos já estava sendo superado pelo da poupança justamente por conta das seguidas reduções da taxa Selic. Incógnita Segundo D?Agosto, do início do ano até o dia 6 de março, os fundos multimercados (que mesclam ações, renda fixa e, em alguns casos, moedas) receberam aportes de R$ 7,3 bilhões e os de ações, de R$ 3,7 bilhões. No mesmo período, os fundos DI tiveram captação líquida negativa de R$ 4,48 bilhões, e os fundos de renda fixa receberam R$ 3,38 bilhões. Para o especialista, é difícil inferir o que ocorrerá daqui para a frente do ponto de vista do investidor. ?Mais do que o próprio investidor, a reação dependerá do distribuidor (quem vendeu o fundo, principalmente bancos)?, afirmou. Segundo ele, ?é preciso ver que tipo de explicação? as instituições vão dar para quem aplica nesses fundos. ?Se conseguirem passar confiança, não haverá motivo para saque. Se a informação for truncada, o investidor pode se sentir desconfortável?, definiu.

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