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Fusão Arcelor/Mittal gera oportunidades e expectativa de oferta

Por Agencia Estado
Atualização:

A conclusão prevista para amanhã das negociações para a fusão das duas maiores siderúrgicas do mundo, a Arcelor e Mittal Steel, deve abrir oportunidades de negócio para as empresas controladas no País, segundo avaliam especialistas do setor. Em contrapartida, com o fechamento da operação em Luxemburgo, as atenções no mercado brasileiro também se voltam para a posição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acerca da necessidade ou não de uma oferta pública para os minoritários da Arcelor Brasil. O novo grupo controla a Arcelor Brasil no País, que reúne ativos da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), da Belgo-Mineira e da Vega do Sul, além da Acesita. A opinião de analistas que acompanham o setor é de que a criação da nova empresa é benéfica para a controlada brasileira, responsável por cerca de 30% do Ebitda da gigante européia. O mercado destaca, no entanto, que a operação não deve trazer mudanças significativas para as unidades locais, já que os ativos brasileiros, reconhecidamente de qualidade e baixos custos, são estratégicos para competitividade da nova companhia, que terá capacidade mundial de produzir 120 milhões de toneladas de aço por ano. "Os ativos no País continuarão sendo de grande importância para a nova empresa, já que as unidades locais têm grande qualidade e custos menores de produção de que seus parceiros mundiais", destaca um analista, que preferiu não se identificar. Há consenso ainda de que a consolidação das empresas siderúrgicas é positiva para o setor, uma vez que contribui para a estabilidade dos preços do aço no mercado internacional e também para o fortalecimento das companhias nas negociações de compra de insumos no médio e longo prazo. O diretor de Relações com Investidores da Arcelor Brasil, Leonardo Horta, afirmou que já estão sendo identificadas algumas sinergias entre a Arcelor Brasil e a Mittal, que devem favorecer, principalmente, a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). Segundo o executivo, a siderúrgica brasileira já vendeu para a ISG (empresa da Mittal), nos Estados Unidos, e que novas oportunidades deverão ser geradas para a venda bobinas laminadas a quente - um produto de maior valor agregado - para o mercado norte-americano. O diretor lembrou ainda que a siderúrgica mexicana Imexsa, da Mittal, era uma importante concorrente da CST e que agora deve se somar à unidade brasileira, gerando ganhos de escalas para o grupo. Para a Belgo, a expectativa inicial é de fortalecimento das exportações de steel cord (um tipo de aço de alto valor agregado, utilizado para produção de pneus radiais) para a América Latina. "Hoje a Mittal não participa desse mercado", disse. Com relação à CVM, a autarquia chegou a suspender as ações da siderúrgica por quatro dias, por entender que a empresa não divulgou informações necessárias e suficientes ao mercado brasileiro a respeito dos reflexos de tal operação em Arcelor Brasil e controladas que forem companhias abertas, especificamente no que se refere à obrigação ou não de realizar a oferta pública, conforme artigo 254-A da Lei das S/A. A CVM chegou até a receber reclamações de minoritários pedindo a realização da tag along, mas anunciou, no último dia 18, que só deveria voltar a se manifestar sobre o tema depois do anúncio oficial dos termos definitivos da negociação entre a controladora, Arcelor, e a indiana Mittal Steel.

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