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Governo põe 2 sucatões de prontidão por causa da Varig

Por Agencia Estado
Atualização:

Diante do agravamento da situação da Varig, o Comando da Aeronáutica determinou que dois Boeings 707 da Força Aérea de Brasília, conhecidos por Sucatões, fiquem prontos para decolar, a qualquer momento, para buscar passageiros em qualquer país, que estejam com problemas para voltar ao Brasil por causa dos sucessivos cancelamentos de vôos pela Varig. A ordem de partida dos aviões, que tem 160 lugares cada, e tem autonomia para atravessar o Oceano, será dada pelo ministro da Defesa, Waldir Pires, que será acionado, atendendo avaliação feita pelo Ministério das Relações Exteriores, que terá avaliado onde a situação é mais crítica. Não há data determinada para a decolagem do primeiro 707, mas a expectativa é de que isso possa acontecer a partir desta sexta-feira à noite, ou sábado, já que apesar das inúmeras tentativas de tentar salvar a empresa, internamente no governo se acredita que um colapso poderá começar a acontecer hoje, quando espera-se que o juiz possa dar novos rumos em relação ao futuro da Varig. No Palácio do Planalto há uma enorme insatisfação de como as coisas estão sendo conduzidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, por exemplo, já teria chamado para uma conversa o presidente da Agência, Milton Zuanazzi. Há preocupação de que as duas maiores empresas, neste momento, TAM e Gol, tenham sido beneficiadas durante todo este processo e continuem sendo favorecidas nestas novas negociações, que implicarão na divisão do espólio da Varig. As empresas aéreas menores, como Web Jet, BRA e Ocean Air querem ter direito a dividir o que sobrou da Varig apenas entre elas, alegando que TAM e Gol já foram por demais beneficiadas. No Planalto, há quem ache que as pequenas estão certas no seu pleito. O problema é que até agora a ANAC e as empresas não chegaram a um consenso em relação às concessões. E as empresas aéreas que vão ajudar a trazer passageiros do exterior querem ter direito a ficar explorando esta linha por um período fixo. Há discussão em relação ao prazo, que as companhias aéreas entendem que não pode ser menor do que dois meses, embora defendam que seja por prazo maior, como um ano, no mínimo. Outra questão em debate refere-se aos locais onde a Varig opera nos aeroportos no exterior e o horário que a empresa faz os seus vôos. Esses locais e horários pertencem à Varig (são o verdadeiro patrimônio da empresa) e, para que outras companhias aéreas, ainda que brasileiras, assumam o lugar da Varig, é preciso que haja um pedido do governo brasileiro junto à autoridade federal aeronáutica de cada um destes países. Teoricamente, as novas empresas não teriam direito a ocupar estes postos. Só que, como a Varig é uma concessionária de serviço público, em última instância, o patrimônio é do país e daí o interesse das novas empresas aéreas que vão ocupar o lugar da Varig pleitearem que o governo brasileiro interceda nesta questão, em favor delas. Além dos problemas das linhas externas, ainda há brigas por linhas internas. As companhias querem que as linhas da Varig de longo alcance, como Porto Alegre - Belém, tenham, obrigatoriamente, uma parada em São Paulo para que possam pegar mais passageiros e não correrem o risco de voar abaixo do mínimo rentável. Portanto, uma grande briga, neste momento, se dá também por este "stop" nos dois aeroportos de maior movimentação do país e onde há dificuldade de se conseguir novos horários para operação. Neste momento, até mesmo no Planalto se acredita que a suspensão dos vôos da Varig seja iminente. Mas resta saber quem vai assinar o atestado de óbito da empresa aérea, ônus político que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer assumir, ainda mais a três meses das eleições.

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