Os mercados continuam mergulhados em incertezas e praticamente não restam mais dúvidas de que os Estados Unidos entrarão em recessão. A avaliação é do diretor executivo para mercados emergentes do banco WestLB, Ricardo Amorim. "A impressão que há é que já estamos em recessão", disse o economista, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo, de Nova York. Ouça a entrevista. Segundo ele, os indicadores norte-americanos divulgados recentemente colaboraram para piorar o cenário. "A questão não é saber se os EUA vão entrar em recessão. A aposta é de quão profunda e severa será a recessão", avaliou. "Hoje os mercados estão precificando que a recessão será breve e modesta. Mas a incerteza nunca foi tão grande. Até o presidente o presidente do Banco Central Europeu (Jean-Claude Trichet) reconheceu que temos várias forças negativas fortes", acrescentou. Amorim espera que por um ou dois trimestres com crescimento negativo nos EUA e recuperação a partir do 3º trimestre, com PIB encerrando o ano entre 1% e 2%.Por conta das incertezas, Amorim acredita que a volatilidade nos mercados deve continuar. "Os mercados devem manter a tendência de baixa no curto prazo", comentou. Emergentes O economista observou, no entanto, que nos emergentes, como o Brasil, os fundamentos sólidos devem manter o descolamento financeiro no médio e longo prazo. Mesmo na Europa, Amorim vê desaceleração, mas não recessão. "Por ora, parece que a recessão será só nos EUA", afirmou. Amorim acredita que o Banco Central Europeu (BCE) deva voltar a cortar os juros em breve, mas descarta afrouxamento monetário na China. "Hoje, a chance de corte de juro na China beira zero. Uma parada parece o mais provável", disse. Por outro lado, Amorim não descarta um novo corte emergencial de juros nos EUA antes da reunião de 18 de março. "É improvável, mas possível".