PUBLICIDADE

Indústria brasileira de pneus acusa China de dumping

Por Agencia Estado
Atualização:

Fabricantes de pneus instalados no País acusam a China de praticar dumping na exportação de pneus novos ao Brasil. O sinal vermelho foi aceso com o crescimento de 250% na importação desses pneus este ano. Segundo o setor, eles chegam ao País no preço da matéria-prima. A idéia da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) é recorrer ao governo e solicitar salvaguarda ou abertura de ação antidumping. O presidente da Anip, Vilien Soares, afirma que o assunto está em estudo e deverá estar definido em um ou dois meses. "Grosso modo, o preço com que chegam aqui é o preço da nossa matéria-prima. Isso caracteriza evidentemente um sistema de desigualdade, de dumping, eu diria, dos produtos chineses, asiáticos em geral, em relação ao nosso", disse o presidente da Michelin América do Sul, Luiz Fernando Beraldi. Trata-se de mais um setor que se sente prejudicado com o avanço das compras na China, junto com têxteis, brinquedos e outros. Segundo a Associação de Comércio Exterior (AEB), estão crescendo este ano as importações de 120 dos 132 manufaturados comprados pelo Brasil. As informações são de que pelo menos quatro produtos - lentes, óculos, escovas e pedivela (peça do pedal da bicicleta - já têm pedidos de salvaguardas em fase final de análise. Na prática, o sucesso do produto importado dói no bolso dos fabricantes locais. As estimativas são de que de 2005 para 2006 a participação dos produtos chineses no mercado duplicou de 5% para 10%. O presidente da Michelin explica que estes produtos chegam com preços 30% a 40% inferiores aos fabricados no País, trazidos por "importadores oportunistas", em geral redes independentes das grandes lojas de pneus. Na loja GBG, na zona norte do Rio, um pneu chinês do tipo 185 saía por R$ 149,90, enquanto no mercado um produto da Michelin sai ao redor de R$ 230. No Carrefour da Barra da Tijuca, um pneu chinês do tipo 175 era encontrado a R$ 129, 27% abaixo de um similar da marca francesa, no mesmo bairro. Segundo a Anip, os produtos importados são, basicamente, para carros populares e houve também aumento das importações de pneus para motos. No primeiro semestre, as importações chegaram a 700 mil pneus novos para carros, ante os 200 mil do período em 2005. "Isso vem perturbar o mercado de uma forma abrupta", diz Beraldi. Segundo ele, o setor tem investimentos programados de R$ 3 bilhões entre 2006 e 2008 e a competição dos importados chineses, que ele qualifica como desigual, "evidentemente preocupa quem está investindo" em expansão no País. Para o embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, cabe ao governo brasileiro decidir a questão. "Agora, o problema, eu acredito, é uma questão de interesses consumados: não querem ser afetados por empresas estrangeiras, não necessariamente chinesas." O embaixador disse não ter informação sobre o caso, destacando apenas que a Michelin tem fábrica na China.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.