O crescimento da produção industrial de 2,2% em julho ante junho foi uma surpresa positiva e indica uma tendência para os próximos trimestres, avaliou há pouco o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos. O resultado veio acima do teto das estimativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que previam uma expansão entre 0,30% e 2,00%, com mediana em 1,50%.
Segundo Santos, a indústria manterá crescimento na margem nos próximos meses, independentemente dos fatores sazonais que impulsionam a atividade na época de final de ano. "Já tivemos a queima e agora estamos passando pela recomposição de estoques", disse, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo.
O economista concorda com avaliação de alguns analistas de que os dados de hoje da indústria apontam para uma recuperação mais rápida da economia brasileira, sem no entanto ver a necessidade de alta de juros no curto e médio prazo. Sua projeção continua sendo de manutenção da Selic em 8,75% até o final deste ano e ao longo de 2010.
"Não é o momento de se falar em reversão da taxas de juros no ano que vem. O crescimento do PIB deve ficar próximo do potencial em 2010, mas não acredito que seja necessário fazer reversão da taxa", explicou. Ele prevê expansão ao redor de 1,2% neste e no próximo trimestre e de 3,7% em 2010, com IPCA com alta de 4,4%.
De acordo com Santos, no comunicado que será divulgado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na quarta-feira, deve ser citado o efeito dos estímulos fiscal e monetário na economia e também o quadro inflacionário benigno.