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Indústrias não querem nem ouvir falar de reajuste de gás

Por Agencia Estado
Atualização:

Novos aumentos de preço do gás natural estão fora dos planos do setor industrial, que investiu milhões de dólares na conversão de suas fábricas. Para entidades e empresas, uma elevação dos custos poderá comprometer de forma significativa a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e provocar repasses para o consumidor interno. "Não temos condições de pagar mais nada pelo gás natural. Hoje trabalhamos com a hipótese de não haver nenhum reajuste", afirma o diretor do Departamento de Infra-Estrutura (Deinfra) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Saturnino Sérgio. Segundo ele, se o preço subir, apesar dos apelos da indústria, a alternativa será procurar outras alternativas ao gás natural, como o óleo combustível, bem mais poluente. O presidente da Associação Sul Brasileira da Indústria de Cerâmica para Revestimento (Asulcer), Murilo Ghizoni Bortoluzzi, lembra que o gás teve recentemente um aumento de 1,8% na região, o qual foi absorvido pela distribuidora para não prejudicar ainda mais o maior pólo exportador de revestimentos cerâmicos das Américas, que conta com 12 empresas nos Estados de Santa Catarina e Paraná. Só no Estado catarinense, o setor é responsável pelo consumo de 55% do gás natural. O presidente da Gyotoku, Adriano Lima, afirma que as empresas estão acompanhando de perto as negociações entre a Petrobras e os representantes do governo boliviano. Isso porque, lembra ele, o combustível é responsável por 30% do custo do produto cerâmico. Além disso, 95% da matriz energética do setor é gás natural. "Qualquer reajuste significará perda de competitividade no mercado externo e aumentos nos preços dos produtos para o consumidor interno." Na avaliação do presidente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro, Lucien Belmonte, o pior, além do aumento do preço, é o contingenciamento do gás natural, que já está ocorrendo no País. "Não há disponibilidade de gás para todos e a prioridade são as termoelétricas", afirma ele, destacando que empresas como Braskem, Vale do Rio Doce e Companhia Siderúrgica de Tubarão já estão sendo contingenciadas.

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