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Instabilidade e riscos ameaçam recuperação econômica mundial, diz FMI

Em relatório, o Fundo alerta que a desigual retomada da economia continua acelerada, mas a dívida soberana e os riscos do setor financeiro, particularmente na Europa, podem ameaçar a estabilidade global

Por Hélio Barboza e da Agência Estado
Atualização:

A desigual recuperação econômica global continua acelerada, mas a dívida soberana e os riscos do setor financeiro, particularmente na Europa, podem ameaçar a estabilidade global, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório Atualização das Perspectivas Econômicas Mundiais. Dois relatórios divulgados pelo Fundo nesta terça-feira sugerem que as economias avançadas ainda enfrentam dificuldades depois da recente crise financeira, enquanto as economias emergentes em crescimento mostram sinais de superaquecimento e pressões inflacionárias.

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Os formuladores de políticas ao redor do globo precisam resolver essas questões, incluindo a expansão do fundo de resgate para a zona do euro, ou correm o risco de uma recuperação instável, diz o FMI. "Um conjunto de medidas é necessário em diferentes países para reduzir as vulnerabilidades e reequilibrar o crescimento a fim de fortalecer e sustentar a expansão global nos próximos anos", afirma a instituição.

A região mais preocupante ainda é a Europa, onde os problemas com a dívida soberana e as questões em torno de alguns bancos levaram a uma turbulência cada vez maior. Os resgates financeiros da Grécia e da Irlanda, bem como a possibilidade de que outros países precisem de ajuda, continuarão a afetar a confiança do mercado na região, diz o FMI. "Em particular, as seguidas pressões do mercado podem resultar em sérias pressões por financiamento para os principais bancos e governos, aumentando a probabilidade de que os problemas se espalhem para os países centrais", afirma o relatório.

Os países da zona do euro devem se mobilizar agressivamente para combater esses problemas por meio da adoção de testes de estresse mais rigorosos nos bancos da região, bem como por uma expansão do alcance e do tamanho do Mecanismo de Estabilidade Financeira. A chave é tentar dissociar os riscos para a economia causados pelos riscos bancários e pelos riscos soberanos, diz o relatório. "As evidentes ligações entre balanços patrimoniais fracos dos setores bancário e governamental têm levado a renovadas pressões nos mercados de dívida na região do euro e à ampliação dos tensões", declarou o FMI.

Além dos problemas na Europa, o Fundo disse que também está preocupado com qualquer desaceleração nos esforços globais para intensificar a regulação do setor financeiro, bem como com a capacidade das economias emergentes em lidar com o aumento dos fluxos de entrada de capital. Nesta última questão, o Fundo diz que os países precisam considerar uma série de medidas - incluindo a valorização cambial - para impedir qualquer bolha de crédito ou de preço dos ativos.

"Os formuladores de política terão de estar atentos e agir de forma oportuna quando as pressões dos fluxos de entrada estiverem aumentando", diz o relatório, reconhecendo que os controles de capital e outras medidas macroprudenciais podem ser necessários.

EUA

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Para os Estados Unidos (EUA), o relatório sugere que os seguidos esforços para estimular a economia "são justificáveis nesta conjuntura", tendo em vista o desemprego e o mercado imobiliário, enquanto a política monetária deve continuar a ser adaptativa. No longo prazo, contudo, o FMI disse que os EUA terão de começar a trabalhar em um plano para lidar com a situação fiscal. "A ausência de uma estratégia fiscal de médio prazo confiável eventualmente puxará para cima as taxas de juros nos EUA, o que pode se mostrar prejudicial para os mercados financeiros globais e para a economia mundial", diz o FMI.

O Fundo prevê um crescimento de 3% para a economia dos EUA em 2011, acima da projeção de outubro, que era de 2,3%. Para 2012, porém, a estimativa é de um crescimento de 2,7%. O FMI também projetou o crescimento econômico da região do euro em 1,5% neste ano, enquanto a China continuará a liderar as principais economias, com expansão de 9,6% em 2011.

Brasil

O FMI elevou a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano de 4,1% para 4,5%. A estimativa anterior havia sido divulgada no relatório de outubro. Para 2012, a projeção do FMI para a expansão do PIB brasileiro foi mantida em 4,1%. As informações são da Dow Jones.

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