A recuperação judicial da Oi, que tem dívidas de R$ 65,4 bilhões, conta com um ingrediente dificílimo: o capital disperso no mercado (sem controlador). Com isso, movimentações de investidores para compra de grandes volumes de ações podem dificultar o andamento do processo de recuperação, afirmou um especialista no assunto.
“Há investidores que aproveitam o momento de baixa da ação para ganhar uma posição relevante e, assim, ter voz na mesa de negociação com a Oi”, disse ele. Nesta segunda-feira, 27, as ações preferenciais (PN) da tele subiram 1,85%, negociadas a R$ 1,10. Os papéis com direito a voto (ON), recuaram 12,30%, a R$ 1,64.
Um exemplo é a Bridge Administradora de Recursos, gestora que estaria ligada ao empresário Nelson Tanure. No último dia 15, a Bridge informou que comprou, por meio de um fundo de investimento sob sua gestão, ações equivalentes a 4,75% do capital votante e 10,90% dos papéis preferenciais, totalizando 5,92% do capital social da companhia.
Em comunicado, a Bridge informou que não tem intenção de alterar a composição do controle da tele, cujo capital social é disperso, mas tem como objetivo influenciar na estrutura administrativa. Procurados, a administradora de recursos e Tanure não comentaram o assunto.
O empresário é conhecido por se envolver em empresas em dificuldades financeiras, como a Intelig e a PetroRio (antiga HRT). Atualmente, é um dos principais acionistas da petroleira, na qual fez uma reestruturação. Na contramão do mercado, as ações da Oi tiveram forte alta na quinta e sexta-feiras, com movimentos atípicos de compra dos papéis da tele, segundo analistas.
A Oi aguarda a aprovação do seu pedido de recuperação judicial para prosseguir com o processo de reestruturação de dívidas com os credores.